CERTEZA DA RESSURREIÇÃO CAUSA FRENESI COLETIVO

Frenesi inquieta o espírito, a alma e a razão. Em paralelo, cria entusiasmo delirante, excesso de confiança, êxtase, ingestão fora do controle, alucinação e alvoroço. Em cenários de emoções fortes, facilmente exaltações delirantes colocam pessoas e, até, multidões fora de si e da consciência individual.

Um fato para refletir: Depois da missa de lava-pés na noite de quinta-feira santa, 13 de abril de 2017, determinada igreja católica transferiu, corretamente, as hóstias consagradas para sala em edificação paroquial anexa ao templo. Preparou capela para o sacrário, tabernáculo e custódia do Santíssimo Sacramento. Ao longo da sexta-feira da paixão, a maior parte do tempo esse local de oração, meditação e adoração ficou vazio. Pasmem: Integram a comunidade paroquial mais de mil líderes, entre diácono, ministros da Eucaristia, catequistas e dezenas de pastorais, movimentos e serviços extraordinários. Faltou organização e planejamento?

Sexta-feira santa, 14/4, escutamos gritos de Jesus na capela despovoada: Como podem ver, estou um pouco magoado por terem me deixado aqui sozinho, justamente no dia em que mais ansiosamente esperava que me dessem um alô e confirmassem que acreditam no sofrimento que vivenciei fisicamente na minha morte. Precisava muito da presença de gente de fé e de amor nessa data e ambiente de recolhimento. Não sei se é reflexo de meu estado de espírito, mas sinto que as pessoas estão indiferentes, isso é, dando cada vez menos importância à paixão e morte. A ressurreição é a maior verdade incontestável, porém, é fato que ela só foi alcançada depois da dolorosa crucificação. Portanto, a ressurreição não é motivo para frenesi.

Uma coisa é certa: vive-se era de facilidades, avanços tecnológicos e massificação dos meios eletrônicos de comunicação. E mais: ninguém duvida de que o Brasil e a humanidade passam pelo melhor e pior momento. Governantes equivocados e lideranças deformadas forçam a ascensão a qualquer custo, usam excessivamente poderes que nunca lhe pertenceram e se esquecem, principalmente, de colocar dentro do peito ética, justiça, dignidade e plenitude. Nesse contexto, há largo espaço para a Igreja ocupar, encher de luzes para iluminar novos horizontes, propagar a morte do Senhor na cruz para dar nova vida aos seres humanos.


Quem escuta, crê e pratica o Verbo Amar do Pai, do Filho e do Espírito Santo, independente se letrado, iletrado, graduado e subalterno, ou por mais diferente que seja na cor, linguagem, costumes, ideais e estratos, vale a pena rever as ações, palavras, obras, atitudes e missão a cumprir e caminho a percorrer diuturnamente. A ressurreição não é sonho, sombra e poesia. É transformação vital, espiritual e transcendental, conexão possível, aliança concreta. Vamos começar ou continuar a trabalhar, estudar, ensinar, construir e orar concentrados e unidos na gruta da verdade, no abrigo do amor, na mística da caridade, na fortaleza da esperança.

Pedro Antônio Bernardi é economista, jornalista e professor. Palestrante e autor de livros. (pedro.professor@gmail.com)

Contatos: (47) 3366-4437 / 99716-9719.

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