O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, cobrou nesta quarta-feira, 10, do Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento do mensalão tucano assim que encerrado o veredicto sobre o mensalão do PT, para que não "pairem dúvidas" sobre a imparcialidade dos ministros.
A declaração de Haddad, feita antes de uma carreata em Cidade Tiradentes, extremo leste da capital, se alinha à estratégia definida no dia anterior pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu aos integrantes do PT que realizem "cobranças diárias" pelo julgamento do mensalão tucano.
"O momento agora é de passar em revista a origem de tudo, porque tudo começou lá com o PSDB de Minas. Esperamos que, imediatamente, o Supremo inicie o julgamento do mensalão do PSDB", afirmou Haddad.
A denúncia atinge o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo, acusado pelo Ministério Público de se beneficiar de um esquema semelhante para arrecadar ilegalmente recursos para a campanha ao governo de Minas no final da década de 90.
Haddad defendeu que os réus envolvidos no mensalão tucano sejam julgados de acordo com a mesma jurisprudência (interpretação da lei) construída pelos ministros do STF durante o julgamento do mensalão petista.
Para ele, "todos os partidos" tiveram dirigentes envolvidos no esquema operado por Marcos Valério, entre os quais líderes do "PSDB, PMDB, PP e PT". Haddad disse ainda ser necessário que a classe política faça uma reflexão sobre o julgamento do mensalão, "inclusive sobre uma reforma política, para dar uma resposta ao País sobre o que aconteceu".
Orientado a não se manifestar sobre as condenações de José Dirceu e José Genoino, proferidas na terça-feira, 9, o petista disse que não poderia comentá-las porque "não teve tempo" de acompanhar o julgamento.
Kit anti-homofobia. Segundo Haddad, sua família ficou "muito indignada" com a iniciativa do candidato tucano, José Serra, de se encontrar com o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que disse que iria "arrebentar" o candidato petista relacionando-o ao kit anti-homofobia preparado durante sua gestão à frente do Ministério da Educação. O material foi apelidado de "kit gay" por setores evangélicos.
Na terça-feira, segundo o jornal Folha de S. Paulo, Serra se encontrou com Malafaia e o pastor Jabes de Alencar, presidente do Conselho de Pastores de São Paulo, que reúne 6 mil líderes de igrejas evangélicas. No domingo, 7, o Estado antecipou que Jabes apoiaria Serra.
"Minha família está muito indignada com a atitude do Serra de instrumentalizar pastores para me atacar na minha honra. Mas é o estilo dele. Ele foi derrotado em 2010 em função desse comportamento e entendia que ele tinha aprendido a lição. Mas pelo jeito o Serra não aprende nunca, é o velho Serra de sempre", disse Haddad. No entanto, ele afirmou que "perdoa" o comportamento do tucano, pois acha que seu papel, nesta eleição "é trazer um pouco de luz para o debate em São Paulo".
Na campanha presidencial de 2010, líderes evangélicos espalharam rumores de que Dilma Rousseff, se eleita, promoveria a legalização do aborto. O tema afetou a campanha da atual presidente e obrigou Dilma a divulgar uma carta-compromisso contra o aborto. Na época, petistas atribuíram a Serra a iniciativa de trazer o tema à tona.
Pobres e ricos.
Ao final, Haddad definiu como "piada de mal gosto" a afirmação de Serra, feita na terça-feira, de que o PSDB governa preferencialmente para os pobres e o PT, para os ricos. "Qual foi a grande obra petista em São Paulo? Os túneis dos Jardins, voltados para a classe de renda mais alta. Nós governamos para toda a cidade, preferencialmente para os pobres", disse o tucano, em um discurso voltado para a população de baixa renda.
Para Haddad, a declaração de Serra "ou foi uma piada de mal gosto, e o povo vai anotar o que ele falou, ou ele não viu o mapa eleitoral" do primeiro turno da eleição paulistana.
Agência Estado
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