Vereadores querem que Derosso explique contrato com empresa da própria mulher


Os vereadores da Câmara de Curitiba esperam que o presidente da Casa e prefeito em exercício, João Claudio Derosso (PSDB), os convoque nas próximas horas para explicar as denúncias apresentadas pelo Jornal Gazeta do Povo nos últimos dias sobre a contratação da empresa da mulher dele, Claudia Queiroz, em uma licitação de serviços de publicidade para a Câmara em 2006. A denúncia mostra que Claudia ainda era funcionária da Casa quando venceu a licitação com a empresa "Oficina da Notícia", contrato que ao longo de cinco anos lhe rendeu R$ 30,1 milhões, segundo a reportagem.
Em entrevista à Banda B nesta segunda-feira (18), o líder da oposição, o vereador Algaci Tulio (PMDB) disse que ficou surpreso com as denúncias e que vai atrás de explicações. "Entrei em 2008 na Câmara e este contrato foi fechado em 2006 com a empresa desta senhorita que mais tarde virou a esposa do presidente da Câmara. Esperamos que nas próximas horas Derosso convoque todos os vereadores, ou ao menos os líderes, para as devidas explicações", disse Tulio.
Ele afirmou ainda que o correto seria o presidente da Casa rescindir o contrato de publicidade quando casou com Claudia Queiroz. "Que é imoral não há dúvida. O que o presidente da Câmara deveria ter feito é tão logo assumiu o compromisso matrimonial com ela, rescindisse o contrato e abrisse uma nova licitação para não levantar suspeitas de favorecimento", disse o líder da oposição.Já a vereadora Professora Josete (PT) cobrou uma ação mais dura sobre as denúncias. "Caso as denúncias se comprovem, vamos entrar com uma ação junto ao Conselho de Etica da Câmara e também junto à Corregedoria para uma ação mais firme. E a cassação é um dos aspectos a serem avaliados", disse a vereadora à Banda B.
O líder do PDT na Câmara, Tito Zeglin, também disse que ficou surpreso com as denúncias e aguarda uma explicação de Derosso e da Mesa Executiva. "Jamais passou pela minha cabeça esses fatos. Mas precisamos ter cautela e apurar a fundo o que está acontecendo. Vou convocar a minha bancada para vermos que rumo vamos tomar", disse Zeglin.Líder do governo na Câmara e colega de partido de Derosso, o vereador João do Suco (PSDB) amenizou a questão em entrevista publicada na Gazeta do Povo. “Não posso dizer se está certo ou errado. Em um primeiro momento, ela não era esposa dele e o processo licitatório foi normal”, afirmou. Sobre os altos valores dos contratos, o vereador disse não ter subsídios para opinar sobre o assunto. “Não posso avaliar os gastos apenas pelo senso comum. Teria que fazer uma avaliação aprofundada antes de opinar.” João do Suco diz, também, que deve aguardar a finalização do processo para ver o que será feito.
A Banda B procurou a assessoria do presidente da Câmara na manhã desta segunda-feira, mas não obteve retorno sobre o pedido de entrevista. Em nota divulgada à imprensa na sexta-feira (15), a presidência negou qualquer irregularidade nos contratos de publicidade da Câmara.
Denúncia
A reportagem da Gazeta mostrou que o processo licitatório de 2006 feito pela Câmara de Vereadores de Curitiba que resultou na contratação da agência de publicidade da mulher do presidente da Casa, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), violou a Lei de Licitações (n.º 8.666/93). O Diário Oficial do Município re­­vela que a jornalista e empresária Cláudia Queiroz Guedes, dona da agência Oficina da Notícia Ltda., era funcionária comissionada do Legislativo municipal quando participou e venceu a licitação. A lei veda esse tipo de prática. “Não poderá participar direta ou indiretamente da licitação servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação”, diz a Lei de Licitações.
A pena, nesse caso, ainda de acordo com a Lei de Licitações, é de dois a quatro anos de prisão e aplicação de multa.
À Gazeta do Povo, o vereador João Claudio Derosso afirmou que não lembra se Cláudia Queiroz foi funcionária da Câmara. “Não tenho como me lembrar disso”, declarou Derosso na noite de sexta-feira. Ele alega ainda que, em 2006, os dois não tinham relacionamento.Cláudia Queiroz não foi localizada pela reportagem para comentar o assunto. A assessoria de imprensa da Câmara não respondeu aos questionamentos da Gazeta do Povo sobre o vínculo funcional dela. Mas Diários Oficiais de 2005 mostram que, pelo menos desde essa época, ela era funcionária em comissão da Câmara.
foto:PSDB MULHER

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