TARIFAS DE TRUMP SOBRE O BRASIL SÃO MAIS LATIDO DO MORFIDA, DIZ 'THE ECONOMIST'

Revista britânica aponta que impacto das tarifas dos EUA é limitado para o Brasil, que hoje depende muito menos do mercado americano; apenas 13% das exportações estão expostas às tarifas de Trump.

Por g1

 Foto: Reuters/Kevin Lamarque
Trump fala durante encontro com Bukele na Casa Branca 

A revista britânica "The Economist" afirmou nesta sexta-feira (8) que as tarifas de Donald Trump sobre o Brasil são mais ameaça do que impacto real e que "o gigante latino-americano pode ter evitado o pior — por enquanto".

Segundo o veículo, a tarifa de 50% aplicada em 6 de agosto é uma ação de retaliação política, não econômica, motivada pela situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de investigação por possível tentativa de golpe

"O Brasil não foi o único país visado por razões políticas. A Índia enfrenta uma taxa comparável por comprar petróleo russo. Trump alertou Mark Carney, primeiro-ministro do Canadá, que reconhecer um Estado palestino tornaria as negociações comerciais "muito difíceis". O caso do Brasil, no entanto, é o mais claro até o momento de Trump usando o comércio como instrumento para interferir nos assuntos de outro país", afirma a reportagem.

Apesar do tom duro do anúncio, a revista ressaltou que quase 700 produtos foram isentados da tarifa, incluindo aviões, petróleo, celulose e suco de laranja. Contudo, setores como café, carne e frutas ficaram de fora dessas exceções e, portanto, seguirão sujeitos à alíquota completa.

Veja perguntas e respostas sobre o tarifaço de Trump
A reportagem destacou que, mesmo sem considerar as isenções, os efeitos sobre a economia brasileira seriam moderados.

O país exporta pouco em relação ao seu PIB, bem menos que o México ou importantes economias asiáticas, e sua dependência do mercado americano caiu para 13% das exportações.

"O Brasil também é muito menos dependente dos Estados Unidos do que antes. Apenas 13% de suas exportações estão expostas às tarifas de Trump, uma queda em relação a um quarto há duas décadas. Enquanto isso, a parcela destinada à China aumentou quase seis vezes, para 28%".

Ainda segundo a revista, o presidente Lula adotou postura firme e afirmou que o Brasil não será "tutelado" ou humilhado por um "imperador". Mas, ao mesmo tempo, optou pela diplomacia: pressionou o governo Trump por meio de empresas brasileiras e suas parceiras nos EUA, o que resultou nas generosas isenções.

"Os danos que as tarifas causam ao Brasil provavelmente serão limitados. Lula provavelmente deveria continuar colhendo os benefícios de ser atacado pelo Sr. Trump e tentar evitar transformar isso em uma briga maior".

Por fim, a reportagem afirmou que o maior risco pode estar no que Lula fará nos próximos dias. Nesta quarta-feira (6), ele disse que consultaria outros membros do BRICS — um grupo de 11 economias emergentes que inclui Índia e China — sobre maneiras de combater as tarifas de Trump.

Isso poderia muito bem desencadear uma guerra comercial crescente, concluiu a revista.

Trump já rotulou o grupo de "antiamericano". Ele ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% sobre os produtos de seus membros durante a cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, no mês passado.

Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% © Copyright 2000-2025 Globo Comunicação e Participações S.A.

GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

Postar um comentário

0 Comentários