PAI QUE MATOU AS 3 FILHAS NOS EUA É MILITAR E PERMANECE FORAGIDO


Três irmãs de 9, 8 e 5 anos foram mortas pelo próprio pai nos EUA. Segundo a polícia, Travis Decker tem treinamento militar avançado e pode representar alto risco em caso de abordagem. Psicólogo alerta não se tratar de caso isolado: "É o retrato de uma estrutura falida, que forma soldados para a guerra e depois os descarta como peças quebradas, ignorando os efeitos colaterais da brutalização sistemática a que são submetidos"

Travis Decker (dir) durante treinamento militar


Por Ana Oliveira e Felipe Borges | Pragmatismo Político

Travis Decker, um ex-militar de 32 anos acusado de matar brutalmente suas três filhas pequenas nos Estados Unidos, continua foragido há mais de uma semana. As autoridades federais e estaduais admitem que a caçada pode durar meses devido ao extenso treinamento de sobrevivência que Decker recebeu durante seu período no Exército norte-americano. O caso, que chocou o estado de Washington e repercutiu em todo o país, escancara o abismo mental e emocional em que muitos soldados mergulham durante e após sua experiência nas forças armadas.

As vítimas são Paityn, de 9 anos, Evelyn, de 8, e Olivia, de apenas 5. As três irmãs foram encontradas mortas no dia 2 de junho, com os punhos amarrados e sacos plásticos sobre suas cabeças, em uma área de mata próxima a um acampamento improvisado onde o pai vivia como sem-teto, em Leavenworth, a cerca de duas horas de Seattle. As autópsias confirmaram que as meninas foram assassinadas por asfixia.

A última vez que foram vistas com vida foi quando Travis as buscou na casa da ex-esposa, Whitney Decker, no dia 30 de maio, para um fim de semana de visitas. Ele deveria devolvê-las no dia seguinte, o que não ocorreu. Whitney começou a suspeitar que algo estava errado quando suas ligações passaram direto para a caixa postal do telefone de Travis. Imediatamente, acionou a polícia. Horas depois, o cenário do crime emergiu de forma brutal.

Desde então, a caçada ao assassino tem mobilizado dezenas de agentes locais e federais. O xerife Mike Morrison, do condado de Chelan, descreveu o fugitivo como um “assassino esquivo”, com histórico de passar até dois meses escondido na mata. “Ele conhece a região, pode ter deixado suprimentos escondidos em locais estratégicos e sabe como sobreviver por longos períodos ao ar livre”, explicou Morrison.


A imagem mais recente de Travis foi registrada antes dos assassinatos, em uma filmagem de segurança de um mercado e da porta de uma residência. Desde então, o ex-militar desapareceu. Testemunhas relataram que ele pode ter mudado de aparência, raspando o cabelo e o cavanhaque. Há relatos não confirmados de que ele teria sido visto em áreas remotas de Idaho, a 600 quilômetros do local do crime.

Além do horror do triplo assassinato, o caso escancara uma discussão incômoda e recorrente: o impacto devastador das instituições militares na psique de muitos de seus integrantes. Travis não era um civil comum. Ele foi treinado para matar, para sobreviver em condições extremas e para operar fora dos padrões da vida civil. E como milhares de outros veteranos, saiu do Exército sem o devido acompanhamento psicológico, carregando traumas, paranoia e, ao que tudo indica, uma profunda instabilidade emocional.

Não são casos isolados. Nos Estados Unidos, a violência doméstica cometida por veteranos das forças armadas não é novidade, e tampouco se trata de uma estatística marginal. Estudos já demonstraram que ex-soldados estão significativamente mais propensos a sofrer de transtornos como estresse pós-traumático, depressão severa e surtos psicóticos. Muitos desenvolvem uma relação distorcida com a realidade, marcada por delírios de controle e paranoia, agravada pelo isolamento social após deixarem a carreira militar.


É nesse vácuo de desamparo e desumanização que homens como Travis Decker se tornam uma bomba-relógio. As habilidades adquiridas durante o serviço, que em tese deveriam ser voltadas à proteção da sociedade, são redirecionadas para a destruição — neste caso, da própria família.

A matança de Paityn, Evelyn e Olivia é mais do que um crime hediondo cometido por um pai. É também o retrato de uma estrutura falida, que forma soldados para a guerra e depois os descarta como peças quebradas, ignorando os efeitos colaterais da brutalização sistemática a que são submetidos. Travis, como tantos outros, saiu do Exército desalmado, sem amparo, sem esperança, sem rumo.

As buscas por ele continuam. O carro onde morava, uma picape GMC Sierra 2017, foi encontrado abandonado próximo aos corpos das meninas. Segundo a polícia, ele é considerado extremamente perigoso. A mãe das crianças segue em estado de choque.

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