O IMPÉRIO DE SILAS MALAFAIA E A TENTATIVA DE CALAR O JORNALISMO




Se você acha que já viu de tudo, aperte os cintos.

O podcast “Império Malafaia”, lançado pela ICL, abre as portas de um universo onde fé, dinheiro e poder caminham lado a lado — e sem qualquer constrangimento. Ao longo dos episódios, uma pergunta martela como um sino: como um pastor evangélico acumula milhões, controla uma máquina de arrecadação fabulosa e, ao mesmo tempo, se vende como servo da humildade cristã?

A investigação, conduzida pelos jornalistas Juliana Dal Piva e Igor Melo, destrincha documentos que mostram, preto no branco, que em 2018 Malafaia declarou mais de R$ 962 mil só de atraso da própria igreja — mais de 70% da sua renda oficial naquele ano. Isso mesmo: a maior parte do dinheiro não vem de empresas, investimentos ou negócios externos. Vem, direta e escandalosamente, do dízimo dos fiéis, coisa que ele dizia não fazer.

Mas a história não para aí. Ela fica ainda mais suja.

Malafaia foi alvo de uma investigação pesada da Polícia Federal, indiciada por lavagem de dinheiro na Operação Timóteo, que apurou um esquema de corrupção. No esquema, segundo a PF, Malafaia emprestou contas bancárias de sua instituição religiosa para ocultar a origem ilícita de dinheiro sujo. A engenharia envolve exatamente aquilo que ele diz para combater nossos púlpitos: corrupção, lavagem e desvio. Se é verdade que Malafaia não foi denunciado, também é verdade que o repórter Igor Melo descobriu coisas que a Polícia Federal deixou de investigar. Estão todos lá, no podcast.



O dinheiro de Malafia — segundas suspeitas da PF — “serve também para financiar manifestações políticas pró-Bolsonaro”. Quanto? Ninguém sabe. Quanto custa lotar na Av. Paulista?

Foi assim no ato de fevereiro de 2024 em Paulista, onde ele primeiro admitiu que usaria recursos da Associação Vitória em Cristo (Avec), controlada por ele, para depois, pressões, tentar refazer a narrativa e dizer que pagaria do próprio bolso. A conta não fecha para a carteira rasa de um humilde pastor — e a investigação da ICL mostra exatamente isso.
E quando o jornalismo encosta o dedo na ferida, a ocorrência é sempre a mesma: ataques, ameaças e intimidação.

Silas Malafaia não fugiu ao roteiro. Após a publicação do podcast, você disparou uma série de ataques nas redes sociais e, não satisfeito, ameaçou diretamente o repórter Igor Melo. Uma tentativa clara — e patética — de calar o jornalismo e intimidar profissionais que ousaram fazer o que deveria ser regra numa democracia: investigar os donos do poder, sejam eles políticos, empresários ou líderes religiosos.

Mas aqui vai um recado, direto da nota oficial que escrevi em nome do ICL:


"O Instituto Conhecimento Liberta não se curva, não se amedronta e não aceita intimidações. Seguiremos defendendo o jornalismo livre, crítico e investigativo, pilar fundamental de qualquer democracia. As ameaças dirigidas ao jornalista Igor Melo não intimidam a ICL, não intimidam a equipe de reportagem e não irão interferir na apuração dos fatos."**

Malafaia não vai calar o jornalismo. Não vai calar o ICL. E, certamente, não vai calar nosso público.


GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

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