ESCRITORA FOI INTERNADA À FORÇA POR EX- MARIDO E VIVE 5 ANOS CONSEQUÊNCIAS DO TRAUMA DIZ, REVISTA

Na época, o casal estava em processo de separação, e Helena Lahis havia iniciado um novo relacionamento, o que, segundo as investigações, teria motivado a ação do ex-marido

Por O GLOBO — Rio de janeiro

                                       Reprodução Instagram


Escritora foi internada à força por ex-marido e vive há cinco anos consequências do trauma .

A escritora Helena Lahis vive, há quase cinco anos, os desdobramentos de uma internação psiquiátrica forçada, que se tornou alvo de investigações criminais e processos judiciais no Rio de Janeiro. De acordo com reportagem da revista Piauí, Lahis foi levada contra sua vontade, em outubro de 2019, para a clínica Espaço Clif, no bairro de Botafogo, sob um diagnóstico de hipomania — condição caracterizada por agitação e autoestima elevada. A internação foi articulada pelo ex-marido da escritora, Paulo Henrique de Lima, presidente da Universal Music Brasil, com apoio de uma psiquiatra próxima da família.

Na época, o casal estava em processo de separação, e Lahis havia iniciado um novo relacionamento, o que, segundo as investigações, teria motivado a ação do ex-marido. Paulo alegou que a ex-esposa estava “fora de si” e sob influência de um “trabalho espiritual”. No entanto, o próprio psicanalista e psiquiatra da escritora discordou da avaliação e afirmou que ela não apresentava sinais de transtorno mental que justificassem a internação.

Mesmo assim, um terceiro psiquiatra decidiu mantê-la na clínica, onde Lahis passou 21 dias em isolamento, sem qualquer contato com o mundo exterior. Sua libertação só foi possível graças à intervenção da mãe de outra paciente internada, que conseguiu entregar uma carta ao novo companheiro de Lahis. Em novembro de 2019, um habeas corpus foi concedido pela Justiça, determinando sua imediata soltura.


O caso se desdobrou em uma complexa disputa judicial. Paulo Henrique de Lima foi indiciado pelo Ministério Público e hoje é réu pelos crimes de sequestro, cárcere privado e invasão de dispositivo eletrônico. Também foram denunciados a psiquiatra Maria Antonia Serra Pinheiro e o ex-diretor técnico da clínica, Gabriel Bronstein Landsberg. O processo corre em segredo de Justiça, no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Agora cabe à juíza decidir pela absolvição sumária de todos ou pela continuidade do processo, chamando outras audiências.

Desde então, Lahis afirma que nunca conseguiu se recuperar totalmente do trauma. Ela precisou vender seu apartamento para arcar com as despesas legais e hoje vive na sede da editora que comanda. “Como me internaram sem um diagnóstico? Fiquei 21 dias presa em uma clínica. Quem sabe o que fica disso? Foi um ataque à minha dignidade, à minha capacidade cognitiva, relacional, profissional”, desabafou à revista Piauí.

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