MORO SABIA DO ESQUEMA A FUNDAÇÃO DE DELTAN DALLAGNOL

Deltan Dallagnol e Sergio Moro


Moisés Mendes*, em seu Blog

Sergio Moro tentou, mas parece que não vai escapar das investigações sobre a tentativa de criação da fundação bilionária de R$ 2,5 bilhões com recursos da Petrobras, que teria sido idealizada em 2018 e quase concretizada em 2019.

Sempre foi dito que a fundação era ideia de Deltan Dallagnol, sem a participação de Moro. Seria o golaço financeiro da Lava-Jato. A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) diz que Moro tem parte na história.

A suspeita da corregedoria é de possível crime de peculato por parte do ex-juiz, como autoridade que tenta se apropriar ou desviar para terceiros recursos que seriam do setor público ou mesmo privados.

A corregedoria pede que a Polícia Federal investigue Moro, após auditoria realizada na 13ª Vara Federal de Curitiba. A recomendação será encaminhada à Procuradoria-Geral da República e ao ministro Dias Toffoli, relator de ações que têm algum vínculo com o caso no STF.

O relatório com a recomendação foi obtido pela jornalista Andréia Sadi e tem 77 páginas. O documento cita Moro, a juíza Gabriela Hardt, Dallagnol e dois gerentes da Petrobras, Carlos Rafael Lima Macedo e Taísa Oliveira Maciel.

Todos são citados como envolvidos na tentativa de desviar o dinheiro para a tal fundação. A organização só não saiu porque a então procuradora-geral Raquel Dodge mandou suspender a operação, e logo depois o Supremo, acionado pela PGR, determinou o fim da tramoia.

Vamos relembrar que Moro repete, como repetiu agora em nota sobre a notícia, que não assinou a autorização para que Dallagnol levasse a ideia adiante.

Moro deixou a magistratura e abandonou o lavajatismo em janeiro de 2019, para trabalhar para Jair Bolsonaro. Em março, Gabriela homologou o acordo para transferir o dinheiro à fundação. Era a juíza substituta na 13ª Vara.

É possível que o juiz nada soubesse, se trabalhava com Dallagnol, tratado como fosse seu subordinado, desde 2014? E como ele deixa a Lava-Jato em janeiro e a homologação do acordo acontece apenas dois meses depois?

Há quatro anos, em abril de 2020, escrevi o texto que está em link logo abaixo. Na época, essa era a pergunta: Moro não sabia mesmo de nada sobre a fundação? A corregedoria do CNJ finalmente diz que sabia. Abaixo, o link:

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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