MENSAGENS INDICAM ENVOLVIMENTO DIRETO DE CARIANI EM TRÁFICO DE DROGAS: "ARRUMARA ACASA E FUGIR DA POLÍCIA"

"Trabalhar no feriado para arrumar a casa e fugir da polícia". PF interceptou trocas de mensagens entre Renato Cariani e sua sócia. Os dois são proprietários da Indústria Química Anidrol. Delegado reforça que Cariani sabia do desvio de produtos para a produção de crack e cocaína. "Os sócios tinham conhecimento pleno de tudo. Há diversas informações bem robustas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente". Depósito realizado em 2019 motivou a abertura da investigação

               Renato Cariani


A Polícia Federal interceptou algumas trocas de mensagens entre Renato Cariani e sua sócia. As mensagens apontam, segundo o inquérito, que eles tinham conhecimento do monitoramento por parte da polícia.

Em uma das conversas, Cariani disse: “Poderemos trabalhar no feriado para arrumar de vez a casa e fugir da polícia”. Pelo contexto do diálogo, os investigadores dizem que o fisiculturista sabia que era investigado.

Em outra troca de mensagens, de acordo com uma representação do Ministério Público de São Paulo, a sócia disse a Cariani que era possível retirar rótulos dos produtos para ludibriar a fiscalização e as investigações.

O delegado Fabrizio Galli disse que Renato Cariani e sua sócia tinham “conhecimento pleno” do desvio de produtos químicos para a produção de crack. “Os sócios tinham conhecimento pleno do desvio de produtos químicos. Há diversas informações bem robustas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente. Não há uma ‘cegueira deliberada’ em relação a outros funcionários. Eles tinham conhecimento daquilo que estava acontecendo dentro da empresa”.

A droga produzida era distribuída para os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, segundo o delegado. Cerca de 19 toneladas de drogas teriam sido produzidas e os valores movimentados são incalculáveis.

Oscar Hinsberg que deu nome à operação, foi um químico que percebeu a possibilidade de converter compostos químicos em fenacetina. Essa substância foi o principal insumo químico desviado, apontou a investigação.

COMO COMEÇOU A INVESTIGAÇÃO

Dois depósitos que somam R$ 212 mil em uma conta da empresa Anidrol fundamentaram o início das investigações da PF sobre desvio de produtos químicos para a produção de crack.

Documentos mostram que a empresa biofarmacêutica AstraZeneca pediu à PF, em julho de 2019, a instauração de um inquérito policial sobre notificações que havia recebido da Polícia e da Receita Federal referentes a supostos depósitos e movimentações financeiras que teria feito para a Anidrol.

A primeira notificação ocorreu em 17 de abril de 2017, sobre supostas infrações administrativas cometidas pela AstraZeneca ao fazer movimentações não informadas, referentes a três notas fiscais emitidas pela empresa da qual o influenciador é sócio.

Já a segunda intimação foi enviada pela Receita à empresa biofarmacêutica em meados de fevereiro de 2018. O órgão questionava dois depósitos realizados em 2015 e 2016, nos valores de R$ 103,5 mil e R$ 108, 5 mil, à Anidrol.

A empresa do influenciador, ainda segundo o pedido de abertura de inquérito, teria informado à Receita Federal que havia vendido cloreto de lidocaína para a AstraZeneca. A biofarmacêutica nega.

“A AstraZeneca nunca manteve qualquer relação comercial com a empresa Anidrol, a qual não está cadastrada na relação de fornecedores da AstraZeneca, o que impede que qualquer pagamento tenha sido realizado em seu benefício”, disse biofarmacêutica.

No dia 10 de maio de 2019, a AstraZeneca teria recebido nova intimação fiscal sobre emails que a biofarmacêutica teria trocado com um representante da Anidrol. Um homem identificado como Augusto Guerra seria o colaborador da AstraZeneca.

Mais uma vez, a biofarmacêutica negou que tenha trocado os emails e que o representante tenha ligação com a empresa. A AstraZeneca ainda anexou ao pedido de inquérito um print de uma busca em um site de domínios IPs em que o endereço utilizado por Guerra aparece como de sua própria titularidade, desvinculado da empresa.

“O senhor Augusto Guerra nunca foi colaborador da AstraZeneca, o que reforça as suspeitas de que o nome e os dados da empresa AstraZeneca estão sendo utilizados indevidamente por terceiros”, disse a empresa.
Renato Cariani

Renato Cariani é um fisiculturista brasileiro com 7 milhões de inscritos em seu canal no YouTube — o que o torna o maior influenciador fitness do Brasil. Graduado em Química pela Universidade Metropolitana de Santos, ele exibe em suas biografias nas redes sociais que é professor de química, além de professor de educação física, empresário e youtuber.

Somadas todas as redes sociais, Renato Cariani tem mais de 13,6 milhões de seguidores. Ele se apresenta como coach e instrutor de condicionamento físico. O influencer costuma exibir detalhes de sua vida luxuosa nas redes, com diversos carros importados e mansões.
 
Renato Cariani também é sócio da Supley, maior fabricante de suplementos da América Latina, responsável pelas marcas Max Titanium e Probiótica. O grupo faturou R$ 830 milhões no ano passado, e a projeção é superar R$ 1 bilhão em 2023.

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