ISRAEL ASSASSINOU 1,5 MIL CRIANÇAS

É hora de chamar Israel pelo que é: um estado terrorista.

"A maior ameaça somos nós. Ou, mais precisamente, o sistema de autoaniquilação que vem sendo desenvolvido". A frase é de Tamir Pardo, ex-chefe do serviço de inteligência israelense Mossad.

Ele se junta a uma longa lista de heróis de alta patente das forças de segurança de Israel que há décadas fazem um alerta ao mundo: seu país tem repetidamente escolhido o território em detrimento da paz, e isso está destruindo Israel e fazendo-o perder sua humanidade.

O problema? "Nosso governo não reconhece os palestinos como um povo", disse Ami Ayalon, ex-chefe da Marinha e da agência de inteligência Shin Bet.

Por isso, o atual ataque de Israel a Gaza não é "adequado". É, como diz o israelense Raz Segal, especialista no tema,"um caso exemplar de genocídio". Mais de 800 acadêmicos de Direito concordam.

Enquanto a ONU alertava que "palestinos correm o sério risco de uma limpeza étnica em massa", os EUA vetaram um cessar-fogo. O único voto contra a paz veio do principal aliado de Israel.

"Os militares podem nos defender, mas não nos proteger”, disse Ayalon. “Não entendemos a diferença."

O pior de tudo é que isso era totalmente evitável. Sempre que Israel aumentava sua repressão sistemática contra palestinos e extinguia qualquer esperança de solução política, como tem feito nos últimos meses, todos os lados alertavam que uma resposta violenta era inevitável. Em 2017, pardo chamou a situação de uma "bomba-relógio". Israel decidiu desarmá-la com uma marreta.

O assassinato de mais de 1,5 mil crianças palestinas por Israel também não pode ser considerado uma "reação" ao ataque do Hamas. É a escalada de uma campanha implacável de violência e desapropriação.

Até agosto, Israel havia matado ao menos 34 crianças palestinas na Cisjordânia, segundo a Human Rights Watch — mais que o dobro de crianças israelenses mortas pelo Hamas. Por que, então, a ofensiva do Hamas nunca é citada na imprensa como uma "resposta ao terror israelense"? Parece que Israel não é o único a não enxergar a humanidade dos palestinos.

Que fique claro: nada disso justifica o fato de o Hamas matar civis. Tampouco se pode justificar, como vem fazendo a mídia nacional e internacional, o assassinato de milhares de palestinos inocentes como uma mera e razoável "reação ao Hamas".

Nós deveríamos nos concentrar no massacre dos civis palestinos, pois este é o crime que temos o poder de prevenir. Essas pessoas estão sendo torturadas por um estado cada vez mais fanático e extremista, cujos líderes acreditam ter direito divino sobre a terra.

O ministro da Defesa disse:"Estamos lutando contra animais". Já o primeiro-ministro prometeu transformar Gaza em uma "ilha deserta" e "mudar o Oriente Médio" ao ordenar que mais de um milhão de civis deixassem suas casas ou enfrentassem a morte — quer empurrá-los até o Egito.

Os palestinos e os judeus merecem viver em paz. Nenhum deles tem o direito de manter uma colônia onde um grupo étnico tem mais direitos do que os outros. Ninguém pode mais negar que é isso que o sionismo, a filosofia fundante de Israel, encarnou na prática. Não basta acabar com os bombardeios. Temos que acabar com a subjugação dos palestinos.

Nem o ataque do Hamas, nem o Holocausto podem justificar a devastação desumana que Israel tem infligido aos palestinos desde 1948. É uma desonra para a memória de nossos ancestrais judeus usar seu sofrimento para justificar a opressão e o genocídio de outro povo. Israel não representa a vontade do povo judeu na totalidade. Suas ações são abomináveis. Palestina livre!

Esta coluna foi publicada originalmente na seção “tendências e debates” na Folha de S.Paulo de hoje. O debate foi pautado pela pergunta: “A reação de Israel ao ataque do Hamas é adequada?” Nosso presidente Andrew Fishman foi convidado para escrever uma posição contrária.

Andrew Fishman
Co-fundador e presidente

GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

Postar um comentário

0 Comentários