MICHELLE DIZ QUE USAVA CARTÃO DE AMIGA PORQUE BOLSONARO ERA ''PÃO DURO''

Acredite se quiser: a defesa de Michelle Bolsonaro se manifestou oficialmente sobre as movimentações da família em dinheiro vivo. De acordo com os advogados, essa foi a resposta dada pela ex-primeira-dama quando questionada sobre o assunto: "Meu marido sempre foi muito pão duro"

O ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro
(CLAUBER CLEBER CAETANO/PR)

De acordo com o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, teria dito que o marido é pão duro. A revelação foi feita em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (15/5), convocada para prestar esclarecimentos sobre movimentações da família em dinheiro vivo.

Wajngarten foi questionado sobre o motivo de Michelle ter mantido por dez anos um cartão em nome de uma amiga, chamada Rosimary Cardoso, e não com a titularidade do marido, que já era deputado federal no começo do casamento.

“Perguntei à dona Michele há meia hora e ela me respondeu: ‘meu marido sempre foi muito pão duro’”, revelou.

Apesar do controle restrito dos gastos, segundo a defesa, Bolsonaro não era responsável por administrar os gastos da família enquanto ocupou a presidência da República. O ex-ajudante de ordens Mauro Cid era o responsável por fazer os saques e realizar pagamentos a “pequenos serviços” relacionados à “manutenção da família”.

O esquema de Michelle

A Polícia Federal interceptou diálogos mantidos entre o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência, e assessoras do governo de Jair Bolsonaro a respeito de uma orientação para o pagamento de despesas da então-primeira-dama Michelle Bolsonaro em dinheiro vivo.

O material atesta a preocupação de Cid com a possibilidade de a prática ficar caracterizada como uma rachadinha. Ele menciona, inclusive, o caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

De acordo com um relatório de análise da PF divulgado pelo veículo, os diálogos revelam a existência de uma “dinâmica sobre os depósitos em dinheiro para as contas de terceiros e a orientação de não deixar registros e impossibilidades de transferências“.

Conforme a investigação, Michelle utilizava um cartão de crédito vinculado à conta da amiga Rosimary Cardoso, à época assessora parlamentar no Senado. A PF identificou depósitos em dinheiro vivo na conta de “Rosi” para custear as despesas com o cartão.

As conversas demonstram o receio de duas assessoras da então primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva. As duas tentaram convencer Michelle a interromper o uso do cartão da amiga, sem sucesso.

Diante do relato de Giselle, Mauro Cid admitiu estar preocupado com o modelo dos gastos. Ele ressaltou que Michelle possuía comprovantes de pagamento das despesas, mas não contava com documentos a provarem que os recursos teriam saído de sua conta bancária ou da conta de Jair Bolsonaro.

“Giselle, mas ainda não é o ideal isso não, tá? O Cordeiro conversou com ela, tá, também. E ela ficou com a pulga atrás da orelha mesmo: tá, é? É. É a mesma coisa do Flávio. O problema não é quando! É como deputado, rachadinha, essas coisas“, disse Cid em áudio enviado à assessora, conforme transcrição da PF.

O tenente-coronel reforçou o temor em um segundo áudio dirigido a Giselle: “Se ela perguntar pra você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu?”

Segundo Cid, “o Ministério Público, quando pegar isso aí, vai fazer a mesma coisa que fez com o Flávio, vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente, que está dando rachadinha, tá dando a parte do dinheiro para Michelle”.

Os áudios apontam que era vedado o pagamento com transferências bancárias. O método, portanto, se baseava em pagar as contas em dinheiro vivo, o que desperta suspeitas na PF.

A prática fica clara em um áudio enviado a Giselle por Osmar Crivellatti, militar subordinado a Mauro Cid na Ajudância de Ordens: “Giselle, bom dia! É, é esse, esse pagamento, o coronel tinha passado para a gente, mas eu acho que esse banco digital a gente não consegue fazer pagamento. E transferência nós não podemos fazer. Então vê o que que nós podemos fazer. Se entregamos o dinheiro para vocês. Ou se você tem alguma outra conta, Banco do Brasil, alguma coisa que a gente possa fazer o depósito, tá bom, Giselle? Bom dia aí, obrigado”.


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