AOS 101 ANOS DE IDADE, MORADORA DO CRISTO REI APRESENTA SUA CURITIBA NOSTÁLGICA

Moradores mais velhos da cidade comemoram o aniversário de Curitiba. Curitiba  Foto: Levy Ferreira/SMCS

Curitiba completou nesta quarta-feira (29/3) 330 anos e nestes três séculos muita coisa mudou. Algumas pessoas que viram a cidade se desenvolver relatam com nostalgia a passagem do tempo na cidade. Uma delas é Escolástica Leonor Bornancin de Oliveira, que esbanja saúde e alegria aos 101 anos de idade. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba apontam que, assim como Escolástica, cerca de mil moradores da cidade já alcançaram a marca de 100 anos.

Nascida em 19 de junho de 1921, em uma chácara no município de Palmeira, na região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, Escolástica se mudou para Curitiba em 1930, aos 9 anos de idade. Sua primeira casa na capital ficava no bairro Cristo Rei, na época chamado de Vila Nova, que ela relata ser indistinguível nos dias atuais.

“Quando a gente chegou aqui no bairro era muito menor, olhando hoje eu nem reconheço mais. Tudo vai modificando, modernizando e coisas novas e maravilhosas são criadas. A gente, que viveu lá atrás, agora fica admirando o tanto de coisa que acontece”, declara.

Juventude na Curitiba do passado

A curitibana centenária foi uma das estudantes do colégio Nossa Senhora de Lourdes, também no Cristo Rei, fundado em 1906. Na época, o colégio funcionava como um internato feminino. Hoje o colégio Nossa Senhora de Lourdes ainda existe, agora integrado ao grupo Bom Jesus.

Além de estudar, Escolástica também trabalhou em sua juventude. Ela lembra do primeiro emprego em uma indústria de balas, e do seu principal trabalho, na fábrica de fita do tradicional e charmoso prédio que hoje abriga o Instituto de Cultura Alemã Goethe, próximo ao Museu do Expedicionário, no Alto da XV.

Mas para ela, a lembrança mais saudosa é da contribuição na fundação da Igreja do Cristo Rei. A relação com a fé e a religião são, para ela, fatores de grande importância para sua boa saúde física e principalmente mental.

Escolástica lembra da união da comunidade para a construção da Igreja, de vender rifa e dos planos do Padre Germano Meyer, que hoje dá nome à rua da Igreja. Aos 19 anos, Escolástica se casou na igreja que ajudou a fundar e a frequenta até hoje.Conheça 5 lugares para devoção e turismo religioso na Grande Curitiba

Desenvolvimento urbano na superação de adversidades

Escolástica teve quatro filhos, dez netos e doze bisnetos. Seus filhos foram criados em Curitiba e ela recorda das coisas boas da época, mas também das dificuldades.

“No dia que minha filha mais nova nasceu chovia muito e era meu aniversário também. No dia seguinte, Curitiba amanheceu com neve, foi lindo, mas muito frio, todas as minhas flores morreram”, relembra.

Apesar do saudosismo da Curitiba antiga, o progresso trouxe alívio para as adversidades.

“A cidade era muito diferente, menor, para fazer qualquer coisa precisávamos ir até o Centro e era difícil, porque havia poucos ônibus, às vezes esperávamos por horas até ele passar”, comenta. 

Das lembranças boas, Escolástica sente saudades dos cinemas de rua que ocupavam as ruas do centro, de caminhar pelas ruas de macadame (pavimentação com pedras britadas, breu e areia de ruas como a Inácio Lustosa e a Buenos Aires na década de 30), e de passar os fins de semana passeando de barco no Passeio Público, passatempo adorado pelas suas crianças.

“Ver a cidade mudar foi como assistir a um filme, começa aquele pouquinho e de repente surge uma aglomeração, que vai aumentando e ocupando o entorno", conta.

"A gente lembra do passado, mas não vivemos dele, e tentamos fazer no presente o que não pudemos fazer lá atrás”, ensina Escolástica.

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