PROMOTOR DIZ QUE ADVOGADA "REBOLOU" PARA CONVENCER O JÚRI

“Não vou me calar”, disse ela, ao pontuar que foi ofendida e desrespeitada no exercício da função.

Em um julgamento no Tribunal do Júri de Taubaté/SP, uma advogada foi acusada pelo promotor de “rebolar” para convencer os jurados. A criminalista Cinthia Souza rebateu o 1º Promotor de Justiça Auxiliar de Taubaté, Alexandre Mourão Mafetano:

"Rebolando? O senhor me respeite. Está achando que estou aqui fazendo o que? Eu estou aqui trabalhando. Vai me desrespeitar porque sou mulher? O senhor meça suas palavras. Estou aqui exercendo a minha profissão, tanto quanto você.
Advogada pede respeito após promotor dizer que ela ‘rebolou’ para convencer júri
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Advogada pede respeito após promotor dizer que ela ‘rebolou’ para convencer júri

O episódio aconteceu em outubro, mas só agora ganhou repercussão nas redes sociais. A advogada afirmou que foi ofendida no exercício da função e que não vai se calar.

"Fui ofendida e desrespeitada no exercício da minha função no Plenário do Júri, tudo porque o ilustre promotor de justiça foi advertido pela pelos defensores sobre citar o silêncio parcial do réu e respondeu 'a dra tem o costume de rebolar'. Não aceito e não vou me calar."


O julgamento


Cinthia e Alexandre estavam em um debate entre defesa e acusação, quando, segundo a advogada, o promotor insinuou que o fato de o réu ter escolhido ficar em silêncio era prova de sua culpa. A advogada destacou que isso é um direito constitucional, e não poderia ser citado pela autoridade ou insinuado como se o réu tivesse algo a esconder.

No embate, o promotor disse que ela tem o “hábito de rebolar” e, após a resposta da advogada, perguntou se ela já tinha acabado o show.

Advogada Cinthia Souza foi acusada pelo promotor Alexandre Mafetano de "rebolar" para convencer o Júri.(IMAGEM: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM)


Machismo na advocacia


Em entrevista ao Universia, a criminalista Cinthia Souza afirmou que há muito machismo na advocacia, sobretudo na criminal.


No Instagram, a ação do promotor foi fortemente criticada. “Misoginia expressa e declarada”, disse Mário Nacif, no perfil @papodecriminalista.

A advogada ganhou o apoio de vários colegas nos comentários: “Lamentável a postura do representante do MP”; “postura firme e impecável”.

“Cadê a OAB pra pedir uma punição exemplar? Cadê o próprio MP pra punir exemplarmente o membro que envergonha toda uma instituição? Lamentável”, diz um comentário.

Também foi criticado o juiz que presidia a sessão e, ao que parece, não teria tomado atitudes diante do episódio.

G1

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