MULHER É SOLICITADA A SIMULAR ORGASMO EM JULGAMENTO DE HARVEY WEINSTEIN

Uma das mulheres que acusam o empresário Harvey Weinstein de agressão sexual ficou chocada ao ser solicitada a simular um orgasmo durante o julgamento do ex-produtor de cinema. Jennifer Siebel é documentarista e primeira-dama do estado da Califórnia

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                  Jennifer Siebel Newsom e Harvey Weinstein

Anahi Martinho, Universa

Uma das mulheres que acusam o empresário Harvey Weinstein de agressão sexual ficou chocada ao ser solicitada a simular um orgasmo durante o julgamento do ex-produtor de cinema. Jennifer Siebel Newsom, 48, é documentarista e primeira-dama do estado da Califórnia. Ela alega ter sido atacada por Harvey Weinstein em 2005, em um hotel de Hollywood. Na época, trabalhava como atriz.

Harvey Weinstein cumpre uma pena de 23 anos por estupro e agressão sexual. No entanto, recorreu da condenação. O advogado de defesa de Weinstein, Mark Werksman, pediu à vítima que ela explicasse “como fingiu seu prazer” durante o incidente.

“Isso não é Harry e Sally”, respondeu Jennifer, em referência a um clássico da comédia romântica em que a personagem de Meg Ryan finge um orgasmo no meio de um restaurante lotado. “Eu não vou fazer isso”, disse a vítima.

Carreira

Jennifer Siebel Newson é casada com Gavin Newson, governador da Califórnia, e tem quatro filhos.

Em 2011, dirigiu e produziu o documentário Miss Representation, que explora como a grande mídia contribui para a sub-representação de mulheres, reproduzindo retratos femininos limitados e depreciativos. O filme estreou no festival de Sundance e deu origem ao projeto The Representation Project, visando a transformação cultural da representação feminina em produtos midiáticos.

Newsom também fundou o Girls Club Enterteinment, uma produtora focada em filmes feministas e que dão papeis de destaque a mulheres.

Em 2015, dirigiu o documentário “A Máscara Em Que Você Vive“, mostrando como a sociedade machista americana é dura também com meninos e homens. Seu filme mais recente é The Great American Lie, de 2020, que explora as origens culturais da desigualdade nos EUA.

Como atriz, Jennifer Siebel Newson apareceu em filmes como No Vale das Sombras (2007), Alguém tem que Ceder (2003) e na série Mad Men.

“Gemi para que ele terminasse logo”

A cineasta alega que foi convidada por Weinstein para uma reunião de negócios em 2005, mas quando chegou ao local ele tirou o terno, vestiu um roupão e começou a manipulá-la e ameaçá-la.

Em seguida, o produtor a teria penetrado com os dedos e depois com seu “pênis deformado”, que ela descreve como “parecido com um peixe, tinha algo deformado em seus testículos, tinha muita pele”.

Ela ainda afirma que emitiu sons de prazer ao colocar a mão no pênis do agressor, para encorajá-lo a ejacular.

Durante o relato, o advogado perguntou porque ela fingiu orgasmo se ela alega ter sido estuprada por seu cliente. A vítima respondeu que queria que Weinstein acabasse logo.

“Gemi para que ele terminasse logo. Ele já tinha me estuprado. Isso é tão nojento. Me desculpem”, disse a documentarista chorando.

Segundo o New York Post, o advogado de defesa apresentou e-mails que a vítima trocou com Weinstein entre 2006 e 2008, pedindo apoio para a campanha política do marido. O advogado também desestabilizou a vítima várias vezes, pedindo detalhes do estupro.

“O que você está fazendo hoje é exatamente o que ele fez comigo”, disse Jeniffer para o advogado.

Quando questionada se tentou dizer não ao violentador, a documentarista afirmou: “Sim, com minha voz e meu corpo. Tentei manter as pernas fechadas, tentei sair dali, tentei muito”, disse.

Weinstein já cumpre pena de 23 anos de prisão por estupro e agressão sexual. Agora enfrenta novo julgamento, com sete acusações de quatro mulheres diferentes, ocorridas em Los Angeles entre 2004 e 2013. Se condenado, pode pegar pena total de 65 anos ou perpétua.

Cerca de 90 mulheres, incluindo Angelina Jolie, Uma Thurman e Gwyneth Paltrow o acusaram de estupro.

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