DATENA SAI EM DEFESA DE LULA APÓS FALAS QUE INCOMODARAM O MERCADO FINANCEIRO

O mesmo mercado financeiro que não reclamou do furo de R$ 795 bilhões que Bolsonaro promoveu no teto de gastos, agora se diz incomodado com as falas de Lula. Em seu programa, Datena saiu em defesa do presidente eleito: "A bolsa caiu porque o Lula falou que vai romper o teto porque falou que vai dar pra pobre? Eu quero que o mercado se exploda! Pobre tem pouco, rico tem muito. Que se exploda o mercado!"


O apresentador José Luiz Datena defendeu o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (17), durante comentário ao vivo no programa Brasil Urgente, da Band.

Lula havia comentado na COP 27 sobre a possibilidade da bolsa cair e o dólar aumentar caso ultrapasse o teto de gastos em um esforço para manter os R$ 600 do Bolsa Família (Auxílio Brasil). O apresentador concordou com o presidente eleito e disse que o mais importante no momento é cuidar dos mais pobres.

“A bolsa caiu porque o Lula falou que vai romper o teto de gastos porque falou que vai dar pra pobre? Eu quero que o mercado se exploda! O cara disse que não tem jogo no Brasil, como não tem jogo? Esses gringos vem aqui investir quando o dólar sobe. É a moeda podre porque depois que o dólar cai, eles tiram dinheiro daqui e não tem investimento”, afirmou.

“Nós vivemos no Brasil colônia porque nós não temos fábricas, indústrias, necessárias para ser a 10ª potência do mundo, por isso que tem essa divisão de renda canalha: Pobre tem pouco, rico tem muito. Eu quero que se exploda o mercado! ‘Não pode porque o cara vai gastar dinheiro com pobre’. Isso é o que faz o Paulo Guedes, é o que fez o Bolsonaro, gastou quase 1 trilhão estourando o teto de gastos para auxílio emergencial porque precisa, senão o povo morre de fome.”

R$ 795 bilhões

Uma reportagem da BBC apurou que o governo Bolsonaro furou em R$ 795 bilhões o teto de gastos nos últimos 4 anos. Segundo levantamento do economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), feito a pedido da BBC, os gastos do governo Bolsonaro acima do teto somam R$ 794,9 bilhões de 2019 a 2022.

Esse valor representa a soma de autorizações que a atual gestão obteve no Congresso para gastar acima do limite constitucional e outras manobras que driblaram o teto, como o adiamento do pagamento de precatórios (dívidas do governo reconhecidas judicialmente) e a mudança do cálculo para definir o teto em 2022.

Lula

Em encontro com representantes da sociedade civil nesta quinta-feira (17) no Egito, onde participa da COP 27, Lula (PT) fez a defesa do fim do teto de gastos e expôs o interesse de banqueiros no mecanismo, que trava investimentos do orçamento federal para pagamento de juros aos sistema financeiro.

A declaração de Lula acontece um dia após o vice, Geraldo Alckmin (PSB), que comanda o governo de transição, apresentar a chamada PEC da Transição, que propõe que os recursos do Bolsa Família – além de doações para questões ambientais – sejam retirados do teto de gastos. A PEC ainda assegura R$ 22 bilhões para investimentos em infraestrutura com o objetivo de alavancar a iniciativa privada em projetos de geração de emprego. 

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