MP PEDE A PRISÃO DE PRESIDENTE DA CÂMARA DE VEREADORES DE MESQUITA POR SUSPEITA DE COMANDAR 'RACHADINHA'

As investigações apontam para um possível repasse de verbas da câmara para parentes do presidente, o vereador Saint-Clair Nininho (Pros). O Ministério Público também quer a prisão de mais sete pessoas que podem ter participação no esquema.

Por Pedro Figueiredo, RJ2



MP pede a prisão de presidente da Câmara de Vereadores de Mesquita por suspeita de comandar 'rachadinha'


O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu na Justiça a prisão do presidente da Câmara de Vereadores de Mesquita, Saint-Clair Nininho (Pros), por suspeita de comandar um esquema de "rachadinha" no poder legislativo do município da Baixada Fluminense.

A última aparição do vereador na Câmara de Mesquita foi há três semanas. Segundo os investigadores do MP, Nininho é o chefe de uma quadrilha de funcionários fantasmas.

"Se aproveitando das funções de presidente, Saint-Clair Nininho contratou e montou sua equipe, composta por funcionários comissionados, situando-os em posições estratégicas na câmara", dizia um trecho da denúncia apresentada à Justiça.

Segundo a denúncia, tais funcionários obedeciam as ordens irregulares de Nininho e permitiam que os atos criminosos circulassem pelos setores administrativos sem qualquer supervisão ou controle.

Em troca, os funcionários permaneciam em seus cargos, recebendo seus salários, muitas vezes sem trabalhar ou sem possuir qualificação profissional para exercer a função que ocupava.

Além da prisão do presidente da Câmara, o Ministério Público também quer a prisão de mais sete pessoas que podem ter participação no esquema. Para o delegado Júlio Filho, titular da da 53ª DP (Mesquita), a medida pode impedir a destruição de provas.

"A medida cautelar é importante para a investigação e para o próprio processo na medida que ela evita que ele continue circulando na Câmara, evita que ele possa influenciar testemunhas e, acima de tudo, evita a destruição de provas", comentou Júlio Filho, o delegado responsável pelo caso.

Indenização paga com cheques

A promotora responsável pela denúncia afirmou que durante a gestão de Nininho, a Cãmara de Mesquita criou a possibilidade de indenizar funcionários comissionados que fossem exonerados.

Contudo, esses valores eram pagos em cheque, endossados em branco, ou seja, sem o nome do destinatário. A investigação apontou que esses cheques eram depositados na conta de Winkler Ferreira Gouveia, cunhado de Saint-Clair Nininho.

Em agosto de 2021, o RJ2 mostrou que um ex-funcionário da Câmara de Vereadores de Mesquita era obrigado a devolver metade do salário para o presidente da Casa, o vereador Sancler Nininho (Pros), enquanto trabalhou como seu assessor

A mesma reportagem também revelou que o legislativo de Mesquita estava cheio de funcionários fantasmas. Um desses fantasmas era uma funcionária que deveria ser responsável pela direção financeira da Câmara.

O nome dessa funcionária é Elaine Izolani, que também foi denunciada pelo MP. Segundo os promotores, ela foi omissa em relação aos crimes cometidos por Saint-Clair Nininho e negligenciou o controle de pagamentos, principalmente aqueles feitos através de cheques, que deveriam ser efetuados por sua diretoria.


Destinatário fantasma


Durante as investigações, dois cheques no mesmo valor de R$ 2,7 mil, emitidos em janeiro e fevereiro do ano passado, traziam em seu verso um aviso: Eles deveriam ser depositados na conta de Winkler Ferreira Gouveia, cunhado de Saint-Clair Nininho.

Contudo, o que mais chamou atenção dos investigadores foi o fato do destinatário do cheque ser João Pedro da Silva. Segundo o MP, João Pedro simplesmente não existe.

Os investigadores reviraram cadastros do setor de recursos humanos da Câmara e ouviram trabalhadores do setor. Ninguém nunca ouviu falar em João Pedro. Para a polícia, João Pedro da Silva é mais que um funcionário fantasma.


O que dizem os envolvidos


Em nota, a defesa de Saint-Clair Nininho disse que recebeu a denúncia do Ministério Público com indignação e que está sendo vítima de um grupo político rival

Já Elaine Izolani negou ter sido omissa e disse que o pagamento de cheques era fiscalizado pela diretoria.

A equipe do RJ2 não conseguiu falar com Winkler Ferreira Gouveia.


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