A HISTÓRIA DAS CRIANÇAS ALEMÂS SEQUESTRADAS POR PAIS NEGACIONISTAS

Sequestradas pelos próprios pais: duas meninas, uma de 10 anos e a outra de 11 foram levadas ao Paraguai por um casal formado pelo pai de uma e pela mãe da outra; desde então, elas nunca mais foram vistas

Em 27 de novembro de 2021, uma família de alemães entrou no Paraguai mesmo com problemas na documentação.

O pai, Andreas Rainer Egler, de 46 anos, viajava com sua filha, Clara Magdalena Egler, de 10, sem a autorização da mãe da menina.

Juntas iam a atual mulher de Andreas, Anna Maria Egler, que também tem uma filha, Lara Valentina Blank, de 11 anos, que saiu do país de origem sem que o pai tivesse autorizado.


As menores foram vistas pela última vez em 19 de janeiro de 2022. Desde então, não se sabe o paradeiro delas e não há mais notícias dos quatro.

A suspeita é de que eles são negacionistas da vacina da covid-19 e fugiram para viver em comunidades que seguem suas crenças.

“Provavelmente pretendiam morar em alguma comunidade antivacina no interior do país. Eles pertencem a grupos negacionistas da covid-19”, relatou a Coordenadoria dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDIA), organização sem fins lucrativos que vem auxiliando na busca.

Anne Maja Reiniger-Egler, mãe de Clara e Filip Blank, pai de Lara, não têm ideia de onde estão suas filhas.

A polícia do Paraguai intensificou as operações de busca para encontrar os quatro alemães.

Inicialmente, o casal em fuga teria procurado se estabelecer em um bairro alemão localizado perto de La Colmena, no interior do Paraguai, a cerca de três horas de carro da capital. São comunidades alemãs, algumas delas estabelecidas há muitas décadas, e que atualmente estão crescendo devido aos recém-chegados que aproveitam a frouxidão das leis paraguaias para evitar a vacinação ou se esconder das leis de seu país de origem.

Até agora, a polícia não conseguiu localizar a família (foram distribuídas fotos das crianças e, na folha impressa, pede-se informações sobre seu paradeiro).

As autoridades paraguaias afirmaram que as comunidades alemãs no país não têm sido colaborativas.

O Ministério Público do Paraguai admitiu que já busca os quatro alemães há cinco meses, e que não avançou.

A Defensoria Pública do Paraguai fez um apelo e pediu informações aos cidadãos do país, especialmente nas províncias de Paraguarí, Guairá, Itapúa, Caazapá e Alto Paraná. As autoridades garantiram sigilo aos denunciantes.

Segundo o El País, as autoridades também não descartam a possibilidade de Andreas e Anna Maria fugirem com as meninas para outras áreas ou cruzarem ilegalmente a fronteira do Paraguai para o Brasil ou Argentina.

Mãe de Clara e Pai de Lara

A mãe de Clara foi ao Paraguai pela primeira vez em fevereiro, com seu atual marido e com o pai de Lara. Eles iniciaram uma busca pelas crianças no Paraguai, sem sucesso.

Agora, acompanhada do seu advogado, Anne Maja, mãe de Clara, voltou ao Paraguai na esperança de acelerar as buscas por sua filha.

Anne Maja Reiniger-Egler, mãe de Clara, em entrevista coletiva (Imagem: Santi Carneri)

Em audiência no Ministério Público, ela chorou diante das câmeras ao pedir ao povo paraguaio que a ajudasse a encontrar sua filha. “Ela adora estar com os amigos, sempre precisa de amigos para fazer suas acrobacias“, disse Anne, em entrevista coletiva em Assunção, capital do Paraguai.

Enquanto isso, processos judiciais e criminais foram iniciados em ambos os países, incluindo um pedido de extradição de Andreas Rainer Egler e Anna María Egler, que são requeridos pela justiça alemã “pelo ato punível de sequestro de pessoas”, segundo o CDIA. As autoridades paraguaias também emitiram um “alerta vermelho” para sua prisão, segundo informaram autoridades policiais.

Os tribunais alemães retiraram a custódia de Andreas Rainer Egler e Anna María Egler e concederam autoridade parental exclusiva a Anne Maja e Filip, respectivamente.

O advogado, Stephan Schultheiss, afirma que o caso é um sequestro, e que os adultos que estão com as meninas são requeridos pela Justiça da Alemanha.

Com Uol e G1


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