2022: E CLIMA: ''NÃO PRECISAMOS ESPERAR O FUTURO, O CLIMA JÁ ESTÁ MUDANDO'', DIZ PESQUISADOR

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Eventos climáticos extremos serão cada vez mais extremos — e rotina —, diz José Marengo, climatologista classificado pela Reuters como um dos cientistas mais influentes do mundo

Por Paula Bianchi

Um dos responsáveis por acompanhar e tentar prever as chuvas e inundações que cada vez mais têm afetado e colocado em risco a vida de muitos brasileiros, o climatologista peruano José Marengo — coordenador geral do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) — diz que não é preciso olhar para cima ou esperar o futuro para se dar conta da emergência climática que vivemos: o clima já está mudando no presente. E a tendência é que os eventos extremos se tornem cada vez mais extremos — e corriqueiros.

“É um problema do que seria o clima do futuro. Não tanto um clima quente, seco, frio ou chuvoso, mas um clima extremo”, diz Marengo, que é um dos responsáveis pelos relatórios sobre o Brasil do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Ele também está entre os mil cientistas de clima mais influentes do planeta segundo classificação da Agência Reuters, que selecionou apenas cinco cientistas no Brasil e sete na América do Sul.

“E isso é perigoso. Porque esse clima extremo aumenta o risco de desastres naturais associados a extremos de chuva, de seca etc.” Na avaliação do cientista, mais que a mitigação dos efeitos que levam ao aquecimento global e às mudanças climáticas, precisamos nos adaptar a um planeta inevitavelmente mais quente e aos desastres climáticos associados a essa mudança.

“O que mata as pessoas não é a chuva, é o desastre natural consequência de uma chuva intensa para as populações que vivem em áreas vulneráveis. É isso que temos que pensar. Se vai chover mais, temos que começar a reduzir a vulnerabilidade nas áreas periféricas, nas áreas que pessoas morrem, para que, ainda que a chuva aumente no futuro, não tenhamos mais fatalidades como as que estão acontecendo agora em Minas e no sul da Bahia.”

Marengo faz um alerta: a agenda ambiental é algo de que precisamos falar o tempo todo. Porque o meio ambiente está sempre mudando. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.José Marengo é coordenador geral do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)

No início de janeiro, tivemos recordes de calor históricos no Sul do Brasil, fruto de uma onda de calor que já deixou parte da Argentina sem energia elétrica. Em Minas Gerais e no sul da Bahia, a população sofre com chuvas muito acima da média, para citar apenas algumas das regiões do país com catástrofes climáticas. Podemos relacionar esses fenômenos às mudanças climáticas?

É difícil atribuir um evento isolado às mudanças climáticas. É algo que, sim, já está acontecendo, que estamos detectando nos últimos 50, 60 anos, não só aqui no Brasil como em todo o mundo. Os extremos climáticos estão virando mais extremos. O que significa isso? Que podemos ter uma maior frequência de eventos de chuva, por exemplo. Dias com chuva isolada de 100, cento e poucos milímetros, que levam quatro horas, como também podemos ter mais ondas de calor, menos ondas de frio. Todas essas irregularidades tendem a complicar a situação, amplificar a magnitude e a frequência destes fenômenos.

É claro que precisamos fazer estudos de atribuição para ver se esses extremos estão associados à mudança climática. Quando se fala em mudança climática, se fala de influência humana, basicamente. Em janeiro de 2020, tivemos fortes chuvas em Belo Horizonte que mataram 67 pessoas. Tem estudos que mostram que as mudanças climáticas contribuíram em pelo menos 70% para que esse fenômeno fosse intenso e que esse evento não teria acontecido sem a ação humana. As chuvas acontecem normalmente, são um processo natural. Mas as atividades humanas fazem com que esse processo natural seja mais intenso e mais frequente.

                                                                                                                           Foto:Prefeitura Jequié/Bahia
Chuvas na Bahia: “É um problema do que seria o clima do futuro. Não tanto um clima quente, seco, frio ou chuvoso, mas um clima extremo”

Ou seja, teríamos o La Niña de qualquer forma, mas a intensidade desse fenômeno é influenciada pela ação humana.

Isso. O La Niña é um fenômeno natural, previsto, mas também é um sinal. Outro sinal é o aquecimento global. E muitas vezes esses sinais vêm juntos. Durante o La Niña, por exemplo, nós esperamos estatisticamente — digo “estatisticamente” quando você faz a correlação entre indicadores de Niño e La Niña — menos chuvas no Sul, que significam basicamente céu claro, altas temperaturas e seca. Então o que está acontecendo agora é uma mistura de La Niña com um sinal de longo prazo, porque em 2020 nós tivemos uma onda de calor muito intensa que afetou basicamente toda a região central da América do Sul, aconteceu junto com a seca no Pantanal. É o que nós chamamos de “compound events”, eventos compostos. É um extremo junto do outro. É uma seca junto com uma onda de calor. E isso amplifica e aumenta o risco de queimadas, de fogo.

Considerando que o senhor é especialista em modelos climáticos, que cenários podemos prever para essas áreas daqui alguns anos se a ação humana continuar nesse ritmo?

Sem ir muito longe: estamos no verão. No verão é normal que chova na região Sudeste. Se não chovesse seria anormal. Só que está chovendo mais. Se em uma região chove mais, é porque em regiões adjacentes está chovendo menos. Em termos meteorológicos, para chover você tem que ter o ar que se eleva e esse ar se elevando aumenta a precipitação. Mas esse ar que se eleva tem que descer em um outro lugar. Quando desce, não permite a formação de chuva. E uma área onde está descendo é no Sul do Brasil e outra no interior do Nordeste. Então você vê muita chuva aqui, mas não vê chuva no Nordeste e na região Sul do Brasil.

O que os modelos climáticos projetam para o futuro é mais ou menos uma situação similar à que nós temos agora. Eventos extremos mais frequentes, ou seja, aumento na frequência de chuvas extremas em quase toda a região sudeste da América do Sul. Agora, as chuvas extremas podem estar concentradas em poucos dias. Se você tem 300 milímetros num mês, pode acontecer que chova 200 milímetros em três dias. E o restante um período seco, longo e quente. Aí você tem uma sensação de seca. É um clima muito variável. É um problema do que seria o clima do futuro. Não tanto um clima quente, seco, frio ou chuvoso, mas um clima extremo. E isso é perigoso. Porque esse clima extremo aumenta o risco de desastres naturais associados a extremos de chuva, de seca etc.

Caminhamos, então, para essas situações extremas serem rotineiras?

Exatamente. Muitas cidades e muitas áreas da população não estão adaptadas a esse clima. Se fala muito em adaptação. Nós temos que nos adaptar a um clima mais quente. Temos a agricultura, por exemplo. É preciso pensar em armazenar água, fazer melhoramento genético de variedades agrícolas para resistir a climas mais quentes e mais secos. O que está acontecendo este ano, e já começou novembro do ano passado, um verão chuvoso porém atípico, é um exemplo. Normalmente, essa área de chuva, que nós chamamos de zona de convergência do Atlântico Sul, onde você converge a umidade que vem da Amazônia e do Atlântico, está no Sudeste. Minas Gerais, Espírito Santo, Rio, São Paulo, está aí. Só que em dezembro esta área estava mais ao norte, sobre o sul da Bahia. O pessoal não estava preparado [para o excesso de chuva] porque essa região não está habituada a essa chuva como o Sudeste.

O senhor falou em adaptação. Há como os governos se adaptarem para lidar e minimizar o impacto desses eventos extremos?

Olha, a adaptação é, como você falou, uma política de governo. O que seria a adaptação? Se nós estamos pensando que vamos ter mais extremos de chuva — e já sabemos por experiência que extremos de chuva em áreas urbanas significam enxurradas, significam mortos —, precisamos começar a repensar o planejamento urbano das cidades. Muitas vezes as galerias pluviais não foram preparadas, não foram adaptadas para esse volume de chuva que está caindo agora, e que não é o volume que se esperaria no passado.

E, claro, há a população morando em áreas de risco, em em áreas de encosta, em morros ou onde antes existiam córregos, que precisa ser levada em conta. É algo que tem que ser feito através de governos. Políticas públicas, infraestrutura física… Com, por exemplo, a construção de barragens ou diques para proteger as cidades da elevação do nível do mar ou também o que nós chamamos de adaptação baseada em ecossistemas, em que você usa o próprio ecossistema para se proteger. Revitalizar os manguezais, para que os manguezais sejam como que filtros naturais.

O Brasil tem um plano nacional de adaptação criado em 2016, que está sendo revisado e inclui todo esse tipo de coisa. A adaptação é um conceito relativamente novo aqui, mas que já existe no resto do mundo.

Também teríamos que ampliar a vigilância climática nas cidades para acompanhar esses eventos extremos?

Na verdade, são dois processos diferentes. Um que nós chamamos de crise climática e outro, de risco climático, o risco de desastre. Por exemplo, um instituto meteorológico emitiu um alerta de chuva intensa. Pode ser uma chuva intensa em uma área que não tem população, não vai ter impacto. Mas pode ser uma chuva intensa numa área vulnerável em Recife.

Depois do desastre das chuvas na Serra Fluminense em janeiro 2011, o governo federal — na época, a presidente Dilma Rousseff — criou o Cemaden, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, que é o centro em que eu trabalho atualmente, para poder monitorar e fazer previsão de risco de desastres. No Brasil, os desastres estão associados, por um lado, ao risco climático — se mais chuva ou menos chuva, por exemplo –, mas, por outro lado, há outros fatores que nada têm a ver com o clima, como a vulnerabilidade, o perfil social da população. A essa combinação de risco climático com fatores socioambientais nós chamamos de risco de desastres, que é o que o Brasil monitora agora.

O Cemaden faz um monitoramento de risco de desastres e, quando vê que passa a ser um risco moderado ou alto e muito alto, emite alertas imediatamente que passam para a Defesa Civil, e a Defesa Civil repassa para a população. Depois daquele desastre no Rio onde morreram mais de mil pessoas e outros tantos ficaram desaparecidos, o número de mortos tem diminuído. Foram 26 no sul da Bahia. Nessa área, normalmente chove entre 150 a 200 milímetros em dezembro. Mas em dezembro de 2021 essa região chegou a ter 500 até 800 milímetros de chuva. Quatro, cinco vezes mais que o esperado. E morreram 26 pessoas. Por quê? Porque já existia o sistema de monitoramento, de alerta de desastres. A Defesa Civil foi muito mais ativa evacuando a população.

                                                                                                         foto: Fernando Vivas/Governo da Bahia
A combinação entre vulnerabilidade socioeconômica com risco climático é chamada de “risco de desastres”

As populações socioeconomicamente mais vulneráveis são as mais afetadas pelas mudanças climáticas?

Em princípio, em todos os lugares do mundo esse perfil de pessoas é o mais exposto. Mas veja que em novembro de 2008 tivemos aquele desastre em Blumenau, em Santa Catarina — um dos estados com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) —, em que casas grandes, mansões, foram destruídas pela enxurrada. Não é exclusividade dos mais pobres. Os mais pobres podem ser os mais vulneráveis, mas, quando tem um desastre, todos são afetados. Se você lembrar de 2021, daquelas chuvas na Alemanha, na França, na Bélgica, pessoas morreram, e estamos falando de cidades grandes, modernas, sem casebres, favelas. Qualquer pessoa é vulnerável aos extremos climáticos.

Como o desmatamento da Amazônia e o desmatamento no país em geral influenciam o clima?

Durante as secas, o risco de fogo, de destruição da floresta em consequência do fogo, é alto. O desmatamento acaba criando combustível para mais fogo quando se tem a estação de seca. Isso é extremamente importante porque parte do regime de chuvas do Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil, e até da Argentina, vem justamente da reciclagem da umidade da Amazônia. Então, se nós tirarmos essa umidade da Amazônia, podemos de fato ter um clima mais quente, mais seco, mais extremo.

Segundo as previsões do IPCC, na região Sul, Sudeste, nós teríamos um aumento na frequência de chuvas extremas em conjunto com um aumento nas temperaturas. Então a consequência do que pode acontecer na Amazônia é um clima mais extremo. O desmatamento é uma forma de eliminar árvores, e as árvores são extremamente importantes para o ciclo hidrológico. Se você cortar árvores, o ciclo hidrológico será afetado. E as atividades humanas, através do desmatamento, podem alterar este ciclo, esse papel da Amazônia, de regulador de clima. E alterando o ciclo hidrológico você tem uma alteração do clima na Amazônia, nas regiões adjacentes e basicamente em todo o mundo.
                                                                                                     foto: Bruno Kelly/Amazônia Real
Desmatamento e queimadas na Amazônia podem resultar em um “clima mais quente, mais seco, mais extremo”, afirma Marengo

Vivemos em um continente majoritariamente agrícola, em que governos privilegiam o agronegócio frente à preservação ambiental. O uso da terra é um dos agravantes da crise climática na América Latina, especialmente no Brasil? É possível conciliar essa visão de mundo com o combate à crise climática?

Quando falamos de uso da terra, estamos falando de desmatamento, urbanização e agricultura. Áreas, por exemplo, que são desmatadas para poder criar gado ou colocar agricultura, agroindústria, agronegócio, commodities. Por um lado, precisamos de alimentos, mas, por outro, temos que ver se estamos entrando na Amazônia, se estamos afetando o clima e se eventualmente essa alteração no clima pode afetar o regime chuvoso na região do agronegócio. É um tiro no pé.

Também não podemos esquecer que, quando você fala em uso da terra, você está falando de desmatamento, de implementação de agricultura, mas também de urbanização. Cidades como Rio e São Paulo estão onde antes era Mata Atlântica, e antes era mais chuvoso nessa região. Isso mudou porque mudou o uso da terra.

O próprio agronegócio não deveria ser o mais interessado na preservação, já que disso depende o seu próprio negócio?

Deveria ser, sim, mas o agronegócio, pelo pouco contato que nós temos, entra no que nós chamamos de grupo dos céticos. Eles não acreditam que as mudanças climáticas são verdade porque acham que as pessoas estão culpando o agronegócio, a agroindústria, pela poluição. Ninguém está dizendo para matar todo o gado para não emitir metano, o gás do efeito estufa, mas simplesmente para fazer algo mais sustentável.

Muitos grandes supermercados de fora não estão comprando carne brasileira porque dizem que a carne vem de áreas desmatadas. Pode não ser verdade, mas infelizmente a dúvida nos complica. Falta ao pessoal do agronegócio ter esse tipo de percepção, de como eles também estão sendo afetados. Eles mesmos reclamam de secas — o rio Paraguai está em níveis muito baixos —, e isso complica o transporte de commodities para os portos de Paranaguá, por exemplo. Aí eu tenho um prejuízo econômico. Imagina como será no futuro se for mais seco?

O pior que pode acontecer é essa ignorância, deixar o problema de lado. Temos que ter uma percepção de que o clima já está mudando, já está mais extremo. Não precisamos esperar o futuro, já está mudando no presente.
                                                                                                   foto: José Cícero/Agência Pública
Modelo atual do agronegócio “é um tiro no pé”

Cientistas como o senhor vêm alertando para os impactos das mudanças climáticas há décadas. Mas somente quando incêndios florestais destroem vastas regiões, ou quando enchentes deixam dezenas de mortos, parece que a população percebe a gravidade do problema. Nesses casos, parece que se percebe que há uma crise, mas não há nada a ser feito, que é tarde demais. É tarde demais? Já chegamos ao ponto de não retorno?

Dentro do contexto das Convenções para Mudanças Climáticas, as famosas Cops, se chegou em 2015 a uma decisão de limitar o aquecimento global a até 2°C. Com isso o clima vai mudar, mas de uma forma que o ser humano pode enfrentar. Se chegarmos a um aquecimento global superior a 4 °C, as mudanças climáticas serão tão radicais, tão extremas, que talvez a gente, a agricultura, a biodiversidade nem consigam sobreviver. Acima desse patamar é um planeta mais hostil para o ser humano e um mundo que não conhecemos agora. Por isso a pressa para, nas próximas décadas, reduzir a emissão de gases do efeito estufa, o desmatamento.

Mas veio a covid, veio a crise econômica, e a agenda ambiental foi deixada de lado. Cada vez que acontece algum extremo todo mundo fala “ah, as mudanças climáticas, compromissos, a bandeira ambiental”, e depois que acaba só é assunto no próximo desastre. Não é assim que deve ser.

A agenda ambiental é algo que você precisa falar o tempo todo. Porque o meio ambiente está mudando o tempo todo. Estamos em aproximadamente 1,2°C de aquecimento. Se a situação continuar como está agora em termos de aumento do desmatamento, efeito estufa, nós poderíamos chegar em 2050, 2060 nesses 4 °C. Estamos apontando para essa direção.

O Brasil tem uma capacidade imensa de produzir energia limpa, mas estamos flertando com a possibilidade de um apagão e o governo tem recorrido com frequência às térmicas, movidas a combustível fóssil. Há possibilidade de uma crise energética no Brasil? O que podemos fazer para evitá-la?

O Brasil é um país com 70% da matriz energética baseada em hidroelétricas, é uma matriz limpa, tudo bem. Mas já foi comprovado que a água não é ilimitada. Se falta água, chuva, como aconteceu em 2014 e 2015, a gente entra num regime de escassez hídrica e depende das termelétricas, que são uma energia mais cara e mais poluidora. Aí temos um fator: somos vulneráveis à falta de água.

O que os colegas da UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] falam é na necessidade de um portfólio de energia. Uma combinação entre hidrelétrica, fóssil, eólica, solar, biomassa. Você não pode largar o combustível fóssil de um dia para o outro. É um processo gradativo. O melhor é depender de uma combinação em que tenhamos maior parte de energias limpas e menor parte de combustíveis fósseis. Daí, quando as energias limpas ficam escassas, entra o combustível fóssil no resgate por um tempo, depois volta.

E quais seriam as soluções para a emergência climática no Brasil?



Dentre as soluções, a primeira e talvez a principal seja a mitigação. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, reduzir o desmatamento em geral, não só da Amazônia, porque isso ajuda o ciclo hidrológico. Pensar em adaptação, pensar em um planejamento urbano para que áreas que são vulneráveis, por exemplo, a extremos de chuva e a desastres não sejam mais no futuro. Pensar em infraestrutura física para elevação do nível do mar. É todo um processo de adaptação e mitigação que o Brasil tem que fazer.

A parte da mitigação o Brasil já começou faz muito tempo, mas é importante que tenha também a adaptação. O importante é a percepção de que o clima está mudando, que o clima está mais irregular. Que de fato é um processo natural, mas atividades humanas estão agravando esse processo. E que uma crise climática, uma emergência climática, poderá dar lugar a um risco de desastres muito grande.

O que mata as pessoas não é a chuva, é o desastre natural em consequência de uma chuva intensa para as populações que vivem em áreas vulneráveis. É isso que temos que pensar. Se vai chover mais, temos que começar a reduzir a vulnerabilidade nas áreas periféricas, nas áreas em que pessoas morrem, para que, ainda que a chuva aumente no futuro, não tenhamos mais fatalidades como as que estão acontecendo agora em Minas e no sul da Bahia.
           

                                                                                                  
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