PEQUENOS EMPRESÁRIOS SÃO AFETADOS POR PANE NO WHATSAPP E INSTRAGRAM

Donos de pequenos negócios que funcionam via WhatsApp, Instagram e Facebook relatam prejuízos com a queda dos serviços.

Por g1

Pequenos empreendedores que vendem seus produtos e serviços pelo WhatsApp e Instagram estão com dificuldades para trabalhar nesta segunda-feira (4), afetados pela instabilidade dos aplicativos. Internautas em todo o mundo estão relatando dificuldade para acessar os serviços - todos eles pertencem ao Facebook.

Confira algumas histórias de pessoas que tiveram problemas com seus negócios por conta da queda dos serviços.

'Esqueci que podia ligar', diz advogada

Para a advogada Tatiana do Amaral, de 41 anos, a queda no serviço foi de risco à saúde. Ela teve um pico de açúcar no sangue e tentou pedir ajuda para o pai por WhatsApp, mas a mensagem não chegou e ela desmaiou.

“Foi muito rápido. Acabei mesmo nem pensando em ligar. O Dumping é um pico de açúcar que causa efeitos parecidos com a hipoglicemia, então os efeitos dele são meio fortes. Eu estava no quarto e mandei pedido de ajuda pelo WhatsApp para o meu pai que estava vendo TV na sala, já que moramos em um sobrado. Ele não viu e eu apaguei... Acordei faz 5 minutos. Risco de vida não sei, mas como apaguei, ao menos corri risco de ficar com sequelas sim, porque o desmaio é falta de oxigenação no cérebro”, conta.


A consultora de vendas Marina Paiva, que não pode trabalhar na tarde desta segunda-feira (4) por causa da interrupção do serviço de WhatsApp. — Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação


'Foi terror e pânico', diz empresária do DF que vende marmitas pela internet

A chef de cozinha Daniella Goulart vende marmitas pelo Plano Piloto, em Brasília, e diz que ficou desesperada com a queda do WhatsApp. A falha começou perto da hora do almoço, momento de auge dos pedidos em restaurantes.

"Foi terror e pânico. Vivemos o caos hoje. Posso dizer que 99% dos meus clientes pedem comida pelo WhatsApp, e ele parou justamente na hora mais pesada do meu delivery. Até agora não sei o tanto de pedidos que perdi", afirma.

Daniela faz, em média, 60 marmitas durante a semana. "Meu prejuízo foi superior a 60% com certeza", avalia. Ela afirma que o episódio serviu para que pense em novas estratégias.


Daniela Goulart, proprietária do restaurante Total Cheff, que entrega marmitas na Octogonal, no DF — Foto: Arquivo pessoal

'Deixei de vender umas 20 marmitas'


Um restaurante que vende marmitex por delivery no bairro Santa Cruz, na Região Nordeste de Belo Horizonte, deixou de vender para cerca de 20 clientes no horário do almoço – o WhatsApp está fora do ar desde o começo da tarde.

A empresa ainda não está presente em aplicativos de entrega de comida e precisa da ferramenta para divulgar e vender os produtos.

"A gente faz o cardápio e manda todo dia para 400 pessoas pelo WhatsApp. Quem tem o número fixo, liga, mas geralmente os clientes pedem mesmo por mensagem. As vendas foram bem mais fracas", diz a sócia do estabelecimento, Edna Reis.


Queda de até 80% nas vendas

Restaurantes que funcionam no sistema delivery em Santos, no litoral de São Paulo, tiveram prejuízos com a instabilidade do WhatsApp, Facebook e Instagram nesta segunda-feira (4). Os comerciantes, que utilizam as redes sociais para oferecer os produtos, relataram dificuldades e queda no número das vendas de até 80%.

A gastróloga Marina Soares, de 28 anos, tem um delivery de comida saudável e utiliza as redes sociais para vender as refeições.

"Nosso trabalho é somente com delivery, entregamos no almoço e durante a tarde. O horário que o WhatsApp parou de funcionar, achamos que fosse nossa rede. Descobrimos na vizinhança que é algo geral", explica.


Instabilidade e afeta floriculturas em Florianópolis

Dona de uma floricultura no bairro Canasvieiras, no Norte da Ilha, Marisa Müller afirma que faz 90% das vendas por Whatsapp e foi prejudicada com a falha.

"Hoje está horrível. A gente estava com bastante pedido [antes da instabilidade]. Tive que parar de conversar com os clientes no meio, antes de fechar o negócio", explica.

Ela disse que muitos consumidores entram em contato pelo aplicativo para tirar dúvidas antes da compra. "É o principal meio. Eles vêm pedir orçamento, fotos", afirma. Outras duas floriculturas da cidade também relataram ao g1 usarem bastante essa tecnologia e que o problema da tarde desta segundo afetou os serviços.


Professores do RS relatam dificuldade nas aulas


A pane global dos aplicativos da Facebook afetou o dia de trabalho de muitas pessoas em todo o mundo e, também, de professores. No Rio Grande do Sul relatam dificuldades para atender alunos.

A professora Najla Diniz, que dá aula de português e religião para alunos do 6º ao 9º ano de uma escola municipal de Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, ficou sem atender estudantes em modo remoto.

"Hoje eu tenho três períodos de atendimento no WhatsApp e isso não aconteceu. É o momento que eles têm para tirar dúvidas, para perguntar sobre o que precisam fazer. É uma ferramenta pedagógica", explica.


Está desesperador


“Eu estou precisando fazer um monte de coisas do meu negócio e não consigo. Tá desesperador. Posso te garantir que tem milhares de pessoas que vendem pelo Instagram e também estão desesperadas nesse momento”, conta Adriana Marinho, dona da Berenix, loja virtual de lingeries e pijamas.

Quase 100% das compras no site da marca são feitas a partir das postagens no Instagram e pelo WhatsApp. Ela conta que estava em contato com várias clientes e esperando o pagamento de algumas delas para fazer a entrega dos produtos ainda hoje pelos Correios.

“Preciso separar pedidos, confirmar pagamento, fora que não sei quem recebeu minhas mensagens. A conexão com os clientes tá totalmente parada”, diz Adriana.


Adriana Marinho vende suas peças pelo Instagram e pelo WhatsApp e não consegue trabalhar nesta segunda-feira (4) — Foto: Arquivo pessoal

Julia Barbosa vende pães de fermentação natural em São Paulo. Ela recebe as encomendas exatamente às segundas-feiras, até às 18 horas, e faz as entregas às quartas e sextas. Quando percebeu que o WhattsApp não estava funcionando, ficou sem saber o que fazer.

“Percebi que essa é a minha principal ferramenta de trabalho. Fiquei paralisada. Agora pedi ajuda para meu filho e vamos ligar para os clientes que já estavam em contato. Mas não tenho como ligar para todos”, explica Julia.

A empreendedora chega a receber até 20 pedidos em uma segunda normal e faz as compras dos ingredientes de acordo com a demanda.


“Essa pane vai atrapalhar toda a minha semana de trabalho. Provavelmente mude o dia das entregas”, conta.


GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

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