PASSAGEIROS FILMARAM ESTUPRO EM METRÔ NOS EUA E NÃO AJUDARAM A VÍTIMA

Estupro em metrô nos EUA seria evitado se passageiros tivessem chamado ajuda e não filmado, diz polícia. Crime durou 45 minutos

Local do crime (divulgação)

Uma mulher que foi estuprada na semana passada em um metrô na Filadélfia, nos Estados Unidos, poderia ter sido resgatada caso os demais passageiros tivessem ligado para a emergência, no lugar de gravar o ataque, segundo disseram as autoridades nesta terça-feira (19).

O crime ocorreu às 21h da quarta-feira, dia 13 de outubro, em um trem operado pela Autoridade de Transporte do Sudeste da Pensilvânia (Septa).

“Havia outras pessoas no trem que testemunharam esse ato horrível, e ele poderia ter sido interrompido mais cedo se um passageiro ligasse para o 911“, afirmou o porta-voz do SEPTA, John Golden, em um comunicado enviado por e-mail à agência Reuters.

O caso está a cargo do Departamento de Polícia de Upper Darby. Uma das provas é o vídeo de vigilância do vagão, que mostra a mulher tentando repelir o estuprador, empurrando o homem diversas vezes. Ele começa a apalpar a vítima e, por fim, arrancou as calças da mulher e começou a estuprá-la por algo entre seis e oito minutos antes que os policiais embarcaram no trem e o detiveram.

O crime durou mais de 45 minutos, enquanto os outros passageiros apenas apontaram seus telefones celulares para o agressor, mas ninguém socorreu a mulher. A CCTV capturou pelo menos 10 passageiros observando o ataque sexual.

Finalmente, um funcionário da Autoridade de Transporte do Sudeste da Pensilvânia que estava nas proximidades enquanto o trem passava ligou para o número de emergência dos EUA, 911, para relatar que “algo não estava certo” com uma mulher a bordo do trem, disse Timothy Bernhardt, superintendente do Departamento de Polícia de Upper Darby.

A polícia do SEPTA que esperava na próxima parada encontrou a mulher e prendeu um homem. A mulher foi levada para um hospital.


Bernhardt chamou a vítima de “mulher incrivelmente forte” que forneceu muitas informações à polícia. Ela não conhecia seu agressor, disse ele. “Ela está se recuperando, espero que ela supere isso.”

Todo o episódio foi capturado em um vídeo de vigilância que mostrou outras pessoas no trem na época, disse Bernhardt.

“Muita gente, na minha opinião, deveria ter intervindo; alguém deveria ter feito algo“, disse Bernhardt. “Isso mostra onde estamos na sociedade; quero dizer, quem permitiria que algo assim acontecesse? Então, é preocupante.”

Os promotores que estão investigando o caso não prevêem acusar outros passageiros por não intervirem, disse um porta-voz do promotor distrital da Filadélfia.

“Ainda é uma investigação aberta, mas não há expectativa no momento de cobrarmos os passageiros“, disse Margie McAboy, porta-voz do gabinete do promotor público do condado de Delaware.

“A menos que tenham o dever legal de intervir, como os pais de seus filhos, uma pessoa não pode ser processada por sentar-se e não fazer nada”, disse Jules Epstein, professor de direito e diretor de programas de defesa da Escola de Direito Beasley da Temple University.

“Não fazer nada pode ser moralmente errado, mas na Pensilvânia, sem essa relação de dever especial, não é legalmente errado”, disse Epstein.

Fiston Ngoy

Agentes entraram no vagão e prenderam o agressor. Agora, Fiston Ngoy, de 35 anos, é acusado de estupro, desvio involuntário de relações sexuais, agressão sexual e outros crimes. Ngoy, que informou seu endereço mais recente como um abrigo para sem-teto, foi detido sob fiança de US$ 18 mil (cerca de R$ 100 mil) e tem uma audiência agendada para 25 de outubro, segundo a mídia local.

Ngoy tem um longo histórico criminal de prisões e condenações sob pelo menos três nomes em Washington, DC e Filadélfia.

Em DC, Ngoy se confessou culpado de contravenção sexual em novembro de 2017 sob o nome de Jack Falcon, depois que a polícia disse que ele apalpou duas mulheres na rua perto do abrigo onde estava hospedado.

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