'SUPERLIGA EUROPEIA' DESMORONA 48 HORAS APÓS ANÚNCIO DE SUA CRIAÇÃO

Após pressão de torcedores e entidades, oito dos 12 clubes envolvidos anunciam desistência do controverso projeto de criar monopólio de gigantes no futebol europeu

Os homens por trás do fracassado projeto da Superliga Europeia (Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Florentino Perez, Joan Laporta, Enrique Cerezo, Andrea Agnelli, Steven Zhang, Ivan Gazidis, Stan Kroenke, Joel Glazer, John W .Henry, Daniel Levy, Roman Abramovich e Ferran Soriano. — Foto: AFP)


Deutsche Welle

A SuperLiga europeia, controverso projeto de criar um multibilionário torneio com grandes clubes de futebol do continente, começou a desmoronar apenas 48 horas após ter tido sua criação anunciada.

Até o início desta quarta-feira (21/04), de seus 12 membros fundadores, apenas quatro continuavam no projeto: Real Madrid, Barcelona, Juventus e Milan.

O movimento de retirada em bloco começou no fim da noite de terça. Após protestos de seus torcedores, da classe política e de ameaças da Uefa e da Fifa, todo os seis representantes da Inglaterra entre os 12 membros fundadores comunicaram sua desistência do projeto.

O Manchester City foi o primeiro a oficializar a desistência, seguido pelo Chelsea. Mais tarde, em uma série de comunicados emitidos à noite, Arsenal, Manchester United, Liverpool e Tottenham também confirmaram que não continuarão no projeto.

“O Liverpool pode confirmar que nossa participação na proposta de formar uma Super Liga europeia não continuará“, escreveu o atual campeão inglês em nota oficial.

Ainda na noite de terça-feira, a SuperLiga europeia anunciou ainda que iria “reconsiderar os passos apropriados para remodelar o projeto”.

“Dadas as atuais circunstâncias, devemos reconsiderar os passos mais apropriados para remodelar o projeto, sempre tendo em mente nossos objetivos de oferecer aos torcedores a melhor experiência possível e ampliar os pagamentos de solidariedade a toda a comunidade do futebol”, disse a recém-criada liga em comunicado.

Segundo o portal britânico The Athletic, o italiano Milan também teria decidido abandonar o projeto. Em declarações à agência de notícias italiana Ansa, a Inter de Milão confirmou que não tem mais interesse em participar do bloco.

O último a anunciar sua saída, nesta quarta-feira, foi o espanhol Atlético de Madri, que argumentou que as circunstâncias mudaram desde o anúncio da criação do torneio.
“Foi um erro e pedimos desculpa”

Já o Arsenal pediu desculpas pelo que agora considera um erro e informou que tomou a decisão levando em consideração a opinião de sua torcida.

“Os últimos dias nos mostraram o profundo sentimento que nossos torcedores têm por este clube. A resposta deles nos fez refletir e pensar. Nunca foi nossa intenção causar estes problemas, mas não queríamos nos afastar quando recebemos o convite para esta Super Liga, para proteger o futuro do Arsenal“, disse o clube. “Mas cometemos um erro e pedimos desculpas por isso”, completaram.

O Tottenham também se desculpou com os torcedores ao comunicar a desistência, confirmada através de uma mensagem do presidente do clube, Daniel Levy.

“Lamentamos a ansiedade e a tristeza que causamos. Acreditávamos que era importante para nosso clube estar envolvido no desenvolvimento de uma nova estrutura que garantisse o futuro financeiro da pirâmide do futebol. Acreditamos que o esporte deve rever constantemente suas competições e que os órgãos devem garantir que o esporte que todos amamos evolua. Obrigado aos torcedores por terem tido uma palavra a dizer“, declarou Levy.
Perto do fim

Sem os clubes ingleses, Inter de Milão e Atlético de Madri, a Super Liga teria apenas quatro integrantes: Barcelona, Real Madrid, Milan e Juventus.

“Não participaremos da Super Liga europeia. Ouvimos atentamente o retorno de nossos torcedores, do governo britânico e outros. Continuamos empenhados em trabalhar com a comunidade do futebol para criar soluções sustentáveis para os desafios de longo prazo que o futebol enfrenta“, anunciou o Manchester United.

Nenhum clube alemão ou francês se comprometeu a participar da Super Liga. O Bayern de Munique, que levou a taça na Liga dos Campeões da UEFA em 2020, e o Paris Saint-Germain e o Borussia Dortmund, semifinalistas do campeonato deste ano, são ausências importantes da lista.

Os clubes fundadores afirmaram que a crise econômica provocada pela pandemia foi um dos motivos que levaram à iniciativa. “A criação da Super Liga ocorre em um momento em que a pandemia mundial acelerou a instabilidade do atual modelo econômico do futebol europeu“, argumentaram.

A desistências foram anunciadas após um dia de crescente pressão por parte de torcedores, governos e entidades esportivas contra a criação do torneio, que competiria com a Liga dos Campeões e, consequentemente, entraria em confronto com a Uefa e a Fifa. No Reino Unido, até o governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se manifestou e não descartou intervir.

Johnson aplaudiu a saída dos clubes ingleses da Superliga europeia: “Saúdo o anúncio de ontem [terça-feira] à noite. Este é o resultado certo para os fãs do futebol, clubes e comunidades em todo o país”, escreveu no Twitter. “Temos de continuar a proteger o nosso querido esporte nacional“, acrescentou.

No domingo, Milan, Arsenal, Atlético de Madri, Chelsea, Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham anunciaram a criação da Sper Liga europeia, à revelia de Uefa, federações nacionais e vários outros clubes.

A competição previa ser disputada por 20 clubes, 15 dos quais fundadores – apesar de só terem sido revelados 12 – e outros cinco, qualificados anualmente.

A Uefa ameaçou excluir todos os clubes que integrem o torneio, assegurando contar com o apoio das federações de Inglaterra, Espanha e Itália, bem como das ligas de futebol destes três países.



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