REJEITADO, FEDER DECLINA CONVITE PARA O MEC

Secretário de Educação do Paraná foi convidado pelo presidente na quinta-feira, mas desistiu após ficar irritado com postura de Bolsonaro

                                      Foto: Reprodução internet

Por Paula Ferreira / O GLOBO 

O secretário de educação do Paraná, Renato Feder, desistiu do convite feito pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar o Ministério da Educação (MEC). Neste domingo, Renato Feder publicou em suas redes sociais que recebeu ligação do presidente na quinta-feira, mas que declina do convite.

Na nota, Feder afirma que ficou “muito honrado com o convite, que coroa o bom trabalho feito por 90 mil profissionais da Educação do Paraná”, mas que continuará conduzindo os trabalhos na secretaria estadual. O secretário desejou ainda boa sorte ao presidente e uma boa gestão no MEC.

POSTURA INCÔMODA

A postura do presidente após o vazamento da escolha de Feder para o MEC incomodou o secretário, que depois do telefonema de quinta-feira já havia trocado mensagens com Bolsonaro e combinado ficar em silêncio até a nomeação. O fato de Bolsonaro não ter se posicionado quando as alas evangélicas e olavistas começaram a empreender ataques a Feder irritou o secretário, que considerou a atitude “desrespeitosa”.

A visão foi de que Bolsonaro deixou Feder “cozinhando em banho maria” enquanto o secretário “apanhava” de aliados do presidente. A postura de Bolsonaro levou o professor a desistir do cargo.

REAÇÕES NEGATIVAS

Mais cedo, o secretário já havia se pronunciado no Twitter sobre acusações que vinha recebendo desde que seu nome foi anunciado. O convite provocou reação negativa em vários núcleos do governo, principalmente na ala evangélica, que reivindicou diretamente ao presidente que voltasse atrás. Após resistências, Bolsonaro avisou a alguns parlamentares que o nome de Feder está “fora”.

Neste domingo, Renato Feder postou no Twitter que gostaria de ser avaliado pelo que “pensa e faz hoje, como gestor público, ao invés de um livro escrito há quinze anos”. “Escrevi um livro quando tinha 26 anos de idade. Hoje, mais maduro e experiente, mudei de opinião sobre as ideias contidas nele… Acredito que todos podem e devem evoluir em relação ao que pensavam na juventude. Gostaria de ser avaliado pelo que eu penso e faço hoje, como um gestor público, ao invés de um livro escrito quinze anos atrás…”, escreveu na rede social. Ele se referia ao livro “Carregando o Elefante – Como transformar o Brasil no país mais rico do mundo”, que escreveu em 2007 com Alexandre Ostrowiecki. Nele, Feder defendeu a proposta de utilizar “vouchers”, ou seja, financiar a educação dos estudantes em escolas privadas. Na publicação, também questionou se o Estado era de fato o ente ideal para conduzir a administração de escolas.

Na sexta-feira, O Globo revelou que o pastor Silas Malafaia foi um dos que conversou com Bolsonaro e se opôs à indicação de Feder para o MEC. Na ocasião, embora já tivesse convidado o secretário, o presidente afirmou a Malafaia que a decisão ainda não estava tomada. De lá para cá, a incerteza em torno do nome de Feder aumentou, diante desse contexto, o secretário resolveu se antecipar a Bolsonaro e afirmar que recusava o convite.

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