QUAL O BANHEIRO USO?

    (Imagem: Reprodução)

Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político

Sou pai duma menina de três anos. Saímos, ela e eu, bastante juntos. Em diversos lugares, públicos e privados. Ela não usa mais fralda. Mas também ainda não sabe ir ao banheiro sozinha. Os pais de filhas provavelmente já previram o teor das linhas que seguem.

Mesmo em locais badalados e caros, como xópins e hipermercados, faltam os chamados “banheiros familiares”. E nos locais públicos, portanto em tese tendo que atender muito mais a diversidade, ainda é mais difícil encontrá-los. E mesmo nos locais públicos e privados destinado ao público infantil, faltam esses banheiros.

Já vi alguns artigos reclamando que os fraldários só existiam nos banheiros femininos, como se os pais não trocassem o xixi ou, numa pior sorte, o número dois dos seus (ou das suas) mijõezinhos. Justo. E, depois da repercussão, até vi alguns banheiros masculinos com o local destinado à substituição das fraldas.

Mas em casos como o nosso, em que ela não necessita mais de fraldas, porém ainda não consegue usar o banheiro sozinha?

Na falta de banheiro exclusivo para PNEs (muitas vezes eles são juntos ao de uso comum), utilizo o masculino. Fico obviamente constrangido. Assim como os homens que lá estão também. Minha pequena ainda não tem a malícia sexual, mas já sabe o que é “pinto” e “perereca”.

Assim como já tem noção de que, por convenção social (embora ela não saiba o que é convenção social, mas entende regras), à exceção do papai e da mamãe, menina não vê o “pinto” de menino e esses não podem ver a “perereca” das meninas. Sobretudo “gente grande”.

Quando se discute qual banheiro os transgêneros e outros devem e/ou têm o direito de utilizar, num justo debate, diga-se, aproveito pra provocar também este assunto: a obrigatoriedade de se ter, nos locais de compras e serviços, públicos e privados, banheiros individuais para casos como ou semelhantes ao que eu e minha filha passamos. É o meu apelo.

Pai da Martina

*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e estadual, escritor, autor de “Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha” e 1º Secretário do Simpo”

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