A SEGUNDA MORTE DA FAMÍLIA ZANETTI, EXECUTADA A TIROS DE PISTOLA 9MM

A primeira execução da família Zanetti em uma discussão de trânsito não foi o bastante. A família agora é assassinada por disparos de hipocrisia e cinismo, tudo com o aval da mídia. O que dizer para a criança de 8 anos, sobrevivente da chacina?

     O assassino Dionatha Bitencourt (esq) e a família Zanetti (dir)


Diógenes Allende, via Facebook

O autor da penúltima chacina ocorrida no Brasil, mais especificamente em Porto Alegre, apresentou-se à Polícia (saiba mais).

Talvez tenha sido acolhido, recebido pelo mesmo delegado que, ao fazer uma protocolar declaração para a imprensa sobre o caso que lhe foi dado como incumbência investigar, disse que se tratava de “um grande erro” cometido por Dionatha Bitencourt Vidaletti, o assassino confesso.

Repetirei o que escrevi no texto anterior: a expressão “grande erro”, entre milicianos, bolsonaristas e assassinos, sendo que “bolsonarista” está se tornando sinônimo de “assassino”, pois bem, a expressão “grande erro” foi uma espécie de “passada de pano”, um eufemismo usado pelo delegado para não tipificar de acordo com a Lei o que houve de fato: chacina, triplo homicídio qualificado.

Porque foi triplo homicídio, foi uma chacina o que aconteceu no Lami.

O criminoso, assassino confesso de um pai, uma mãe e de um filho a quem matou a tiros de pistola 9mm na cabeça alegou que agiu em legítima defesa.

Não satisfeito em assassinar fisicamente pai, mãe e filho na frente de uma criança de oito anos, ele agora parte para o assassinato da reputação daqueles de quem tirou a vida física.

O segundo assassinato dos assassinados é de uma crueldade tão absurda quanto o primeiro, e tem como cúmplice a imprensa, que dá voz e sustentação à versão estapafúrdia e cínica do criminoso, a alegação de que a arma não era dele, que a tomou da vítima “e apenas se defendeu”.

Apenas se defendeu. Precisou executar com tiros da cabeça uma, duas, três pessoas… para se defender!

E as balas de cinismo e covardia, agora disparadas para perpetrar o segundo assassinato dos assassinados na Chacina do Lami, atingem também os sobreviventes da tragédia.



O filho de oito anos, os amigos das vítimas, seus parentes.

Agora esses sobreviventes são atingidos mortalmente, no peito e na honra e na dignidade, pelo cinismo das declarações de um assassino, que tenta transferir a culpa de seu crime para suas vítimas.

O assassinato da reputação das vítimas, crime que tem a imprensa como cúmplice, é mais um capítulo de uma tragédia que se tornará rotina no Brasil.

No Brasil acima de tudo, aquele onde o deus que está acima de todos deve se envergonhar de ter seu nome usado como pretexto para consolidar um regime de fanáticos religiosos, espancadores de mulheres, de crianças, de índios.

Um regime político controlado por milicianos.

A segunda morte da família Zanetti, assassinada uma vez a tiros de pistola nove milímetros, e agora assassinada por disparos de hipocrisia e cinismo, é mais um capítulo na tragédia de um Brasil governado por uma quadrilha de psicopatas.

O segundo assassinato dos assassinados na Chacina do Lami, em Porto Alegre, é a penúltima chacina da qual se tem notícia no Brasil.

Quando será a próxima?

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