FAMÍLIA DE JOVEM ESTUPRADA NA UTI SOUBE DO CRIME DURANTE VELÓRIO


Na UTI, jovem de 21 anos foi abusada por técnico em enfermagem. A vítima morreu alguns dias depois

O estupro de uma estudante de 21 anos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular em Goiânia (GO) chocou seus familiares, que só souberam do crime durante o velório da vítima.

A polícia ainda não sabe se a morte está relacionada aos abusos sexuais que ela sofreu no hospital. O autor do crime é o técnico em enfermagem Ildson Custódio Bastos, de 41 anos.

No último dia 17 de maio, a estudante deu entrada no Hospital Goiânia Leste devido a uma crise convulsiva. No mesmo dia, de acordo com a delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia, Paula Meotti, o técnico em enfermagem estuprou a vítima, que estava com as mãos amarradas.

A delegada analisou as imagens e concluiu que os abusos duraram cerca de uma hora. As cenas também mostram que a paciente tentou resistir, mas não tinha chance por estar presa na cama da UTI.

Ildson Custódio Bastos responderá por estupro de vulnerável, de acordo com a Polícia Civil de Goiás. Ele se entregou à polícia na quarta-feira (29/5) e está detido de forma cautelar. Já havia um mandado de prisão contra ele.

O que diz o Hospital

O Hospital Goiânia Leste alega, em nota, que afastou o técnico em enfermagem desde que tomou conhecimento da denúncia por intermédio de uma outra funcionária.

“No mesmo momento, a direção tomou as primeiras medidas com o objetivo de proteger a paciente e investigar o ocorrido”, diz em nota o hospital.

“Constatados os reais indícios de crime, (a empresa) comunicou o fato à Polícia Civil, que pediu sigilo a fim de que as investigações não fossem prejudicadas”, alega.

“Somente após o sepultamento da paciente e da divulgação do suposto crime é que seu corpo técnico, de forma reservada, informou aos familiares as providências que já haviam sido tomadas”, prossegue na nota.

A empresa afirma que o falecimento “não possui qualquer relação com os tristes fatos ocorridos”, mas diz que só o laudo vai poder apontar as causas.
Família

A delegada Paula Meotti foi quem comunicou os pais de que a jovem havia sido estuprada na UTI, pois foi preciso retirar o corpo dela da cerimônia para fazer novos exames. A família ficou em choque.

“Ficamos sabendo da morte dela só quando ela estava sendo velada e foi necessário fazer um novo laudo. Os pais não desconfiavam do abuso, eu que tive que contar para eles, que ficaram muito abalados”, disse a delegada.

“A gente não tinha contado para os pais ainda porque imaginávamos que ela pudesse se recuperar e que pudéssemos ouvi-la depois. E os pais não tinham muito a contribuir com as investigações, por isso não tinham sido comunicados ainda”, explicou.

Sobre a possível relação entre a morte e o estupro, a delegada afirmou: “Não sabemos até que ponto [há relação]. Esse abalo emocional pode ter influenciado ou piorado o estado de saúde dela”.

O pai da jovem ainda vai prestar depoimento à polícia antes da conclusão do inquérito. Sob orientação do advogado, o técnico em enfermagem ficou em silêncio diante da delegada. O delegado disse que o cliente se declarou inocente.

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