BOLSONARO E FILHOS SÃO CRITICADOS POR LAMENTAREM MORTE DE 'MC REAÇA'

Jair Bolsonaro e os filhos lamentam morte de músico que espancou mulher grávida e depois se matou. MC Reaça deixou áudios com orientações para a própria esposa ajudar a amante caso ela não tenha perdido o bebê durante o espancamento

Família Bolsonaro homenageia ‘MC Reaça’, encontrado morto no último sábado


Foi encontrado morto na noite do último sábado (1) o funkeiro Tales Volpi, de 25 anos, mais conhecido como MC Reaça. Ele fez canções em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Em sua conta no Twitter, Bolsonaro lamentou a morte do jovem citando seu “dom” e “grande talento” para compor os jingles que o fizeram famoso entre bolsonaristas.

Ainda segundo o presidente, “Ele [Mc Reaça] queria mudar esse país e fez a sua parte com todo talento, sabedoria e humildade. Ele está nos braços do Pai”.

Carlos Bolsonaro, o filho ‘Zero Dois’, tuitou um “obrigado sempre pela força”, enquanto Eduardo, o Zero Três, escreveu que “fica a imagem de um homem alegre, trabalhador, gente fina e criativo. A sua força deu resultado!”.
Espancou mulher antes de morrer

O corpo do MC foi encontrado por um policial rodoviário em uma mata ao lado da rodovia Dom Pedro, onde Tales estacionou sua moto no acostamento. O funkeiro teria se enforcado. A Polícia Civil registrou o caso como “possível suicídio”.

O repórter Rubinho Queiroz, de Indaiatuba, revelou em vídeo que, horas antes de cometer suicídio, o MC teria espancado brutalmente uma mulher com quem mantinha um caso extraconjugal. Ela está internada num hospital da região com fraturas no rosto.

A amante teria revelado ao MC Reaça que estava grávida. O repórter de Indaiatuba teve acesso ao conteúdo dos áudios gravados pelo MC antes de morrer. Num deles, ele pede à própria esposa que ajude a amante, caso ela não tenha perdido o bebê durante o espancamento.
Cristão e fã de Olavo

Autodescrito como “cristão, gaúcho e instrutor de boxe” em sua conta no Instagram, o MC naturalmente tinha predileção pelo funk ao compor paródias que exaltam o ideário do bolsolarismo e achincalham seus opositores.

A batida serviu de base às letras que tacham o ex-presidente Lula como “formador de quadrilha” e STF como “vergonha nacional”, assim como ao “Proibidão do Bolsonaro”, que diz que feministas merecem “ração na tigela” e mulheres de esquerda têm “mais pelo que cadela”. A música foi compartilhada por Flávio Bolsonaro.

MC Reaça era um orgulhoso discípulo de Olavo de Carvalho. No vídeo “Olha a Opressão”, uma feminista é “curada” depois de receber das mãos de Tales Volpi um exemplar de um livro de Olavo. “Vamos distribuir livro do Olavo pra galera”, diz outra paródia, esta do funk Baile de Favela.
Repercussão

Jair Bolsonaro e os filhos foram criticados por homenagearem MC Reaça nas redes sociais. “Um músico negro, pai de família, foi fuzilado pelo exército com 80 tiros e a família da vítima ouviu de Bolsonaro que os militares não mataram ninguém. MC Reaça espancou uma mulher grávida e levou o presidente às lágrimas no Twitter”, escreveu uma internauta.

“Presidente homenageando um cara que se matou depois de se espancar brutalmente a amante grávida após ela revelar estar grávida e deixar áudios para a esposa pedindo para ela cuidar da criança caso ela tenha sobrevivido às agressões. Brasil está nadando de braçada no lodo mesmo”, publicou outra.

“O cara preferiu a morte do que ter que encarar o fato de que a máscara moralista caiu. Isso é muito grave. As camadas de moralidade que muitos carregam se tornam a própria pessoa e sem elas, não pode mais viver”, observou mais um usuário.

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