PRAS RUAS, SEM PENA!

Imagem: RCNOnline

Eduardo Vasconcelos*, Pragmatismo Político

Durante a semana, li em todos os jornais que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seus asseclas estão convocando a população para se insurgir contra o que chamaram de “grandes corporações” e “os verdadeiros donos do poder”, responsáveis pela podridão reinante e, consequentemente, por tornar o país ingovernável.

Na verdade, o que o presidente esqueceu é que foram esses grupos de empresários e políticos cínicos, hipócritas e corruptos que desestabilizaram um governo (com uma série de problemas sim, mas eleito legitimamente por 54 milhões de eleitores) e financiaram um impeachment, baseado em pedaladas fiscais que, diga-se de passagem, era uma prática muito comum e nunca questionada com tamanha veemência e clamor popular em governos anteriores, em quaisquer das 3 esferas do executivo.

Na verdade creio que agora a ficha caiu para o “capitão do mato”, pois o mesmo está sendo engolido por sua retórica esquizofrênica, beligerante e populista. Está sem saída. Popularidade pífia, discurso caótico, repetitivo e com os filhos e ministros envoltos em denúncias graves de corrupção.

E agora o atual presidente pensa: A quem recorrer ? Resposta: Ninguém. E os motivos são simples: As mãos que o colocaram na presidência são as mesmas que sustentam a corrupção institucionalizada, os privilégios e a exclusão social, ou seja, grande parte do empresariado e da classe média brasileira, de mentalidade corporativista, escravocrata e preconceituosa. Além disso, grupos como MBL, Vamô pra rua e os patinhos da FIESP, que fizeram aquele espetáculo midiático de “amor patriótico”, já pularam do barco e dificilmente irão aderir à uma convocação de manifestações de apoio ao governo.

E o que falar dos milhões de desempregados que acreditaram no “Mito” e nas promessas falaciosas de volta da empregabilidade, baseadas na aprovação das absurdas reformas trabalhista e da previdência?

O homem do “tá ok?” e “vamos mudar isso daí”, deve estar ouvindo na Playlist do seu inseparável celular, a linda melodia de “Por que você(s) me deixa(m) tão solto ? Por que você(s) não cola(m) em mim ? Tô me sentindo muito sozinho…”

Resumo da ópera: Em breve, assistiremos a uma profunda desestabilização política do governo, seguida por uma série de movimentos – estes sim, legítimos – de pressão por renúncia ou retomada do poder executivo federal, entre outros desdobramentos. Mas aí vem o questionamento central dessa reflexão: Quais serão as forças políticas e econômicas que irão segurar o leme desgovernado da “Nau Brasil” ? Sugestão: Ninguém pode soltar a mão de ninguém, principalmente durante a nossa luta nas ruas. “Quando a gente ama, é claro que a gente cuida”.

Pras ruas, sem pena!

*Eduardo Vasconcelos é professor de biologia e ciências, na cidade do Rio de Janeiro, formado pela UFRJ.

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