PASTOR QUE SE DIZIA ''EX-GAY'' ABUSA DE JOVEM EM IGREJA

Pastor evangélico que se vendia como exemplo da eficácia da "cura gay" violentava sexualmente meninos em igreja. Uma das vítimas entrou em depressão por conta dos abusos e de ameaças



O Ministério Público do Rio de Janeiro pediu a prisão do pastor evangélico Paulo Giovanni Moraes, da Segunda Igreja Batista em Vieira Fazenda, zona norte do Rio de Janeiro.

Paulo Giovanni teria abusado sexualmente de pelo menos três jovens que frequentavam a igreja. A investigação começou depois que a mãe de uma das vítimas desconfiou do comportamento do filho.

Abusado e ameaçado pelo pastor, o menino entrou em depressão, mas a mãe não sabia o motivo. “Eu notava que ele, à noite, ficava muito no celular, demorava a dormir. Comecei a me preocupar. Diante disso, eu falei: tenho que arrumar um jeito de colocar alguma coisa no Whatsapp para ver o que ele conversa. Quando descobri, foi um choque muito grande, porque onde eu sentia segurança foi onde me decepcionei”, desabafou.

A mãe da vítima flagrou mensagens eróticas envidas pelo pastor ao seu filho, incluindo imagens e vídeos de suas partes íntimas. Ela também testemunhou as ameaças.

“Ele se sentia ameaçado, tinha medo, porque o Giovanni falava que ninguém ia acreditar nele. Meu filho entrou em depressão duas vezes. Em novembro de 2017 ele não levantava da cama, não tomava banho, não abria o olho, tudo devido a essa situação”, contou.

“O meu filho não foi o único. Tiveram outros meninos que conversaram comigo e disseram que aconteceu a mesma coisa com eles. Alguns, estão tão traumatizados que não conseguem falar mais sobre o assunto”, acrescentou a mulher.

Durante os cultos na igreja, o pastor chegou a dizer que era um “ex-gay”, como forma de validar o discurso que prega a eficácia da chamada “cura gay”. Depois da primeira denúncia, no início da investigação, a polícia convidou Giovanni a prestar esclarecimentos. Em seu depoimento, o religioso se declarou ex-homossexual.

Em sua defesa, o pastor alegou que foi “seduzido pela vítima”. Na época, a polícia afirmou que não tinha provas suficientes para prender o religioso. Entretanto, a descoberta de novos casos envolvendo estupros de garotos dentro de sua igreja complicaram a sua situação.

“Foi como uma avalanche. Quando a primeira vítima aparece, as demais tomam coragem e resolvem também denunciar o abusador”, disse o promotor Sauvei Lai, que também lembrou do médium espírita João de Deus, que inicialmente foi acusado de abuso sexual apenas por uma mulher, seguida de outras centenas.

Nas redes sociais, o pastor Giovani apresentava-se também como cantor e compositor. “Sou servo do senhor Jesus e estou pronto para fazer a sua obra”, dizia em sua descrição.

O crime de estupro de vulnerável está previsto no artigo 217-A do Código Penal e consiste na prática de relações sexuais ou outro ato libidinoso com menor de 14 anos, pessoa com deficiência mental ou enferma. A pena prevista nesses casos é de 8 a 15 anos de prisão.
O pastor Giovani (reprodução/redes sociais)

Postar um comentário

0 Comentários