MINISTRO DA EDUCAÇÃO É DESMORALIZADO EM COMISSÃO DA CÂMARA



Durante audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (27), o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, disse que não tem disposição de deixar o cargo.


A audiência foi marcada pela desmoralização pública do ministro, que se confundiu e não soube responder a questionamentos básicos dos parlamentares.

Em sua defesa, o ministro disse que não cabe a ele saber “de cor e salteado” números que envolvam sua pasta. “Muitos pediram para eu sair, mas não vou sair. Por que é um passeio às ilhas gregas, não? O cargo é um abacaxi do tamanho de um bonde. Mas topei o convite porque quero devolver ao meu País o que ele fez por mim”, disse Vélez.


Em resposta ao deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que pediu sua renúncia durante audiência, Vélez afirmou: “Não renuncio, não faz sentido. Só apresentaria minha renúncia ao presidente da República. Ou ele me demite.” O deputado do PSOL interrompeu a resposta do ministro e questionou: “Falta muito?” Parte dos presentes riu.

O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) parabenizou de maneira irônica o ministro da Educação. “Parabéns pela coragem de vir aqui sentar em frente a dezenas de parlamentares sem nenhum dado, estudo ou estatística“, disse. O deputado ainda postou no Twitter: “Só com muita ironia para lidar com esse governo”.

“Quero parabenizar pela coragem, ministro. Seu colega ministro Paulo Guedes não teve a mesma coragem quando foi convidado para debater a Previdência na CCJ. Ele foi frouxo e vossa excelência não foi”, disse Túlio, que ironizou também a falta de dados que reforcem as políticas propostas pelo governo para a Educação. “O senhor nos dá, principalmente aos alunos, um péssimo exemplo, pois veio para a prova sem estudar”, ironizou.

“Eu daqui olhando vossa excelência defender o indefensável e vendo os parlamentares lhe fuzilarem com perguntas, mais parece um filme do Rambo, porque o senhor só veio com a faquinha. E nessa guerra aqui a gente precisa de informações obre as políticas e ideias que precisam ser embasadas em números”, comentou.

Ao final, usando de ainda mais ironia, o deputado pediu que o ministro não deixasse o cargo, para evitar um sucessor pior. “Venho pedir que vossa excelência não entregue o carro, fique e se segure nesse ministério. Um governo que pretere Paulo Freire à Olavo de Carvalho não tem como dar certo e eu particularmente tenho muito medo de quem vai lhe suceder”.


Só com muita ironia para lidar com esse governo. 

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— Túlio Gadêlha (@tuliogadelha) 27 de março de 2019



No entanto, a deputada que mais se destacou com um bombardeio de críticas e perguntas a Velez Rodriguez tem apenas 25 anos. Tabata Amaral (PDT) cobrou uma proposta do ministro para a área, chamou-o de incapaz e sugeriu a ele que, diante da falta de projetos, pedisse demissão do cargo: “Mude de atitude ou saia do cargo”. O vídeo viralizou e se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter.


Filha de um cobrador de ônibus e de uma bordadeira e diarista, Tabata deixou a periferia de São Paulo para cursar astrofísica e ciência política na Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo. De volta ao Brasil, ajudou a fundar os movimentos Acredito, que prega renovação nas práticas políticas, e Mapa Educação, voltado para a melhoria da educação. No ano passado decidiu disputar, com sucesso, sua primeira eleição.


A deputada reivindicou que o ministro apresentasse um projeto estratégico para a educação em vez de uma “lista de desejos”. A pedetista disse estar decepcionada com a “incapacidade” de Vélez como gestor.


“Já se passaram três meses e em um trimestre não é possível que o senhor apresente um Power Point com dois, três desejos para cada área da Educação. Onde estão os projetos, as metas, quem são os responsáveis? Isso não é um projeto estratégico. Isso é uma lista de desejos. Eu quero saber onde eu encontro esses projetos? Quando cada um começa a ser implementado? Quando serão entregues? Quais são os resultados esperados? São três meses e a gente consegue fazer mais do que isso.”

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