(Imagem: Fábio Teixeira | AP)
O Tempo
O último domingo (7) foi marcado pelo fuzilamento do carro conduzido pelo músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, que foi alvejado por 80 tiros de militares do Exército que patrulhavam o bairro de Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro.
Para além da morte de um inocente, que levava sua família a um chá de bebê, a notícia ganhou repercussão pela quantidade de balas disparadas pelos oficiais em uma abordagem comum. O número é ainda mais alarmante quando comparado aos 75 tiros disparados por toda a polícia alemã ao longo de 2017.
Sim, é isso mesmo que você leu. Ao longo daquele ano, a polícia alemã disparou 75 vezes contra civis, cerca de um tiro a cada cinco dias. Segundo os dados da Escola de Polícia Alemã, 14 pessoas foram mortas em ações dos oficiais em 2017. Outra 39 ficaram feridas.
Ainda segundo os dados, 13 das 14 mortes resultaram do tiroteio policial para própria defesa ou a outros em uma situação de risco. A outra morte veio por um oficial tentar impedir um suspeito de escapar.
Outros dez tiros foram disparados acidentalmente pela polícia germânica, enquanto dois disparos foram executados por oficiais que tentavam cometer suicídio.
Em junho de 2018, quando os dados foram divulgados, a agência de notícias alemã DPA alertou sobre uma tendência de alta pelos policiais germânicos.
2016: Onze mortos e 28 feridos.
2015: Dez mortos e 22 feridos.
2014: Sete mortos e 30 feridos.
A morte de Evaldo segue em investigação pelo Ministério Público Militar (MPM). Ao menos dez militares do Exército foram presos em flagrante pelo envolvimento no fuzilamento do carro do músico, que foi atingido por três disparos. O sogro de Evaldo também ficou ferido, mas se recupera bem. Outras três pessoas estavam dentro do veículo e conseguiram escapar.
Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) explicou que foram ouvidos 12 militares, dos quais dez foram presos. Ainda segundo a corporação, as prisões ocorreram “em virtude do descumprimento de regras de engajamento“. Além dos oficiais, um civil, não-identificado, deu seu testemunho.
Já o MPM afirmou que segue em investigação e se manifestará assim que concluso o inquérito. “O promotor de Justiça Militar Fernando Hugo Miranda Teles, da Procuradoria de Justiça Militar no Rio de Janeiro, está em contato permanente com o general de Divisão Antonio Manoel de Barros, comandante da 1ª Divisão de Exército, unidade militar responsável pela apuração dos fatos. A perícia do local foi feita segunda-feira (8) pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Também já foram ouvidos os militares envolvidos, assim como algumas testemunhas civis. O Inquérito Policial Militar foi instaurado, está em curso e, tão logo o fato seja elucidado, o MPM fará a sua manifestação”, afirmou o órgão em nota.
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