ESTES OSSOS CONTAM A PERVERSA HISTÓRIA DE UMA BATALHA BÁRBARA



Milhares de ossos de adolescentes e homens foram encontrados em um pântano na Dinamarca, contando a história de uma feroz batalha ocorrida 2.000 anos atrás.

Os esqueletos foram desenterrados por pesquisadores da Universidade de Aarhus, e as descobertas arqueológicas foram publicadas em um artigo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Combatentes despejados em um pântano

Sem registros escritos para explicar o que aconteceu ou um campo de batalha para vasculhar por evidências, os especialistas estão tentando desvendar a história dessa atrocidade a partir dos próprios ossos que foram despejados no pântano.

As vítimas podem ser representantes de povos germânicos muitas vezes descritos como “bárbaros” pelos romanos, por sua natureza violenta.

Quatro ossos pélvicos suspensos em paus estavam entre os restos mortais de pelo menos 82 homens mortos revelados nas escavações em Alken Enge, na Península da Jutlândia, na Dinamarca. Isso indica que o “enterro” foi uma ação organizada e ritual.

O sítio arqueológico, que vem sendo estudado desde 2009, é a descoberta mais antiga de “um grande contingente de combatentes do início do século I dC”.

Bárbaros mortos por romanos?

“Os ossos estão extremamente bem preservados”, disse uma das pesquisadoras do estudo, Mette Løvschal, do Departamento de Arqueologia e Patrimônio da Universidade de Aarhus. “E podemos ver coisas incomuns, como marcas de animais e marcas de cortes de armas afiadas”.

Os mais de 2.300 ossos humanos estavam contidos em sedimentos de turfa e de lago em mais de 75 hectares de zona úmida. A datação por radiocarbono sugere que são de 2 aC a 54 dC.


Nesta época, os soldados romanos estavam pressionando uma expansão para o norte. Por volta do ano 7 dC, os romanos sofreram uma perda maciça nessa região, na qual dezenas de milhares de guerreiros foram mortos pelo povo germânico.
10 Batalhas improváveis que aconteceram na vida real

“O que eles fazem nas décadas seguintes são ataques militares na Germânia, basicamente para punir os bárbaros por essa enorme derrota. O que achamos que estamos vendo aqui pode ser o que resta de uma dessas campanhas punitivas”, explicou Løvschal.

Massacre

Løvschal disse que os ossos parecem ser de uma “população bastante heterogênea”, com alguns tendo cerca de 13 a 14 anos e outros 40 a 60 anos.

Estima-se que os restos mortais de cerca de 380 homens que morreram de ferimentos de combate estejam asilados do pântano.

Como os esqueletos não parecem ter ferimentos ou traumas já curados, isso sugere que os combatentes não tinham muita experiência com batalhas anteriores.

Os ossos mostram ataques de armas predominantemente no lado direito, com poucos ferimentos no meio do corpo, onde os lutadores podiam estar segurando escudos com seus braços esquerdos.

Especialistas acreditam que os corpos ficaram estendidos no campo de batalha por algum tempo, possivelmente seis meses a um ano, porque muitos mostram sinais de terem sido roídos por cães ou lobos. Eles foram despojados de seus pertences pessoais antes de serem depositados no pântano.

Grande trauma

Muitos mistérios permanecem sobre essa batalha: quem realmente esteve envolvido nela? Será que foi uma luta entre tribos bárbaras, ou será que realmente combatentes germânicos tentaram se proteger de guerreiros romanos?

Além disso, os ossos pélvicos pendurados em espetos são intrigantes. “Essas quatro pélvis em varas parecem ter conotações à humilhação sexual”, argumentou Løvschal. “Parece ter um tom agressivo também. Por esse motivo, é difícil dizer quem fez isso”.

Por fim, os arqueólogos notaram que houve uma grande mudança na paisagem depois da batalha. Antes do massacre, aquela era uma área pastoral, incluindo terras agrícolas e campinas, mas passou a ser uma região densamente florestada nos próximos 800 anos. Ou seja, é possível que o local tenha sido repentinamente abandonado.

“Isso insinua que o evento teve um impacto enorme nas pessoas que moravam lá. Houve um trauma em grande escala para a comunidade”, concluiu Løvschal. [Phys]

Por Natasha Romanzoti

HypeScience

Postar um comentário

0 Comentários