A MULHER E A DEMOCRACIA : VÍTIMAS

O golpe há tempos anunciado e nos últimos tempos recrudescido não é em Dilma, Lula ou no PT. O golpe é na democracia.

O golpe não mais se veste de verde-oliva ou é decidido nos quartéis (acredita-se), porque as amadurecidas declarações e atitudes das novas Forças Armadas permitem essa compreensão. Ao contrário, aliás, dos coxinhas, que estão mais reacionários e politicamente analfabetos que seus pares de 64.

O golpe “moderno” vem sendo forjado por parcela da mídia nacional, notadamente a milionária, corrupta e impune deste país, que compõe os grandes grupos midiáticos, aliada a uma pequena parte (acredita-se) do judiciário, do ministério público e da polícia federal.

Ou será que alguém minimamente pensante — goste ou não de Lula, Dilma ou do PT (aliás, esse desgosto já é, não raro, resultado, ainda que parcial, do massivo e diuturno massacre manipulador midiático) — não enxerga que sob o discurso e prática (aparente) do combate à corrupção não está o objetivo de romper o ciclo do projeto político pensado e aplicado a partir de 2003?

Afinal, não foram Lula ou Dilma citados cinco vezes em delações premiadas; nem estão envolvidos no esquema de desvio de 2 bilhões de reais da merenda em SP, tampouco no roubo de 1 bilhão do metrô e da CPTM; não era amigo-irmão do dono do helicóptero onde foram encontrados 450 kg de cocaína (não se sabe, até hoje, de quem era essa droguinha de nada, mas quem comprou o pedalinho do sítio, vixe!, disto já se foi atrás); não têm contas na Suíça, nem imóvel em Paris, nem receberam 1/3 de propina de Furnas; não venderam a maior empresa de mineração do mundo por menos de 4 bilhões, quando valia 100 bilhões de reais; não compraram uma reeleição casuística a 200 mil reais por cabeça; não tinha (ele) e não tem (ela) procurador-geral da república que engavetava todas as investigações que lhe chegavam, escolhido sem obedecer ao desejo dos membros da categoria; não foi a polícia federaldeles que realizou apenas 48 operações em seu governo; não são compadres do banqueiro André Esteves, não cobravam propina da UTC (o “chatinho”, sim); não têm imóvel de 11 milhões de euros em Paris; não construíram dois aeroportos com dinheiro público em fazendas da família…

LMas foi ele o conduzido “debaixo de vara” no novel estado medieval de Curitiba, e é ela a quem, além de não se deixar governar, pouco importando que o país vá à bancarrota, é xingada de nominhos como puta, vaca, vagabunda. Juro: se eu vir um caba desse desejando “Feliz Dia da Mulher”. vou mandá-lo TNC: Tomar Nes Cau.

Parabéns às mulheres guerreiras deste país!

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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