SAIBA QUEM É MARCELO REBELO DE SOUSA, O NOVO PRESIDENTE DE PORTUGAL



Lucien de Campos*, Pragmatismo Político

No último domingo (24), os cidadãos portugueses elegeram Marcelo Rebelo de Sousa, de 67 anos, como o novo Presidente da República. Provavelmente os lusitanos poderão acrescentar Marcelo Rebelo de Sousa na lista dos Presidentes mais cativantes dessas quatro décadas democráticas.

Marcelo Rebelo de Sousa é Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Grande comunicador, Rebelo de Sousa ficou conhecido na mídia portuguesa pelos seus comentários políticos no canal televisivo “TVI”. A presença do Professor na televisão o faziam líder de audiência e muitos dos seus comentários figuravam nas manchetes dos principais jornais do país.

Mesmo com a campanha mais barata entre os principais presidenciáveis, Marcelo Rebelo de Sousa esmagou os outros candidatos, eliminando a possibilidade de um segundo turno com implacáveis 52% dos votos. O Professor venceu em todos os 18 distritos continentais e nas 2 regiões autônomas de Portugal.

Embora seja um dos fundadores do Partido Social Democrata (PSD), de inclinação conservadora, o próprio novo Presidente se define mais à esquerda do que à direita. Com um formidável currículo político (ex-Vereador, ex-Ministro e Secretário de Estado), Marcelo Rebelo de Sousa promete lutar pela justiça social e contra as desigualdades de um país onde um terço da população é pobre.

O novo Presidente de Portugal tem afirmado sua popularidade com seu carisma e originalidade. Porém, seus poucos defeitos podem prejudicar a relação política com o Primeiro-Ministro António Costa, do Partido Socialista (PS). Alguns críticos o caracterizam como uma pessoa instável e imprevisível.

No que tange as relações de Portugal com o mundo lusófono, segundo a docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, Mónica Ferro, “a eleição do Professor Marcelo Rebelo de Sousa vai trazer nova vitalidade para a lusofonia e para as relações entre os países lusófonos. Marcelo Rebelo de Sousa é um entusiasta da língua portuguesa como fator de afirmação cultural, mas também comercial e político-diplomática no mundo. Durante a campanha fez questão de visitar comunidades de países lusófonos em Portugal e deu grande atenção à necessidade de uma maior integração destas na vida política nacional. Um apoiante da CPLP, fará da presidência da república a casa de todos os falantes desta língua que une todos os continentes e é partilhada por mais de 250 milhões de pessoas”.

Oportuno informar, também, uma constatação negativa para a história democrática portuguesa. Num país onde o voto não é obrigatório, esta eleição que elegeu Marcelo Rebelo de Sousa teve a segunda maior abstenção em sufrágios para escolha de um chefe de Estado. Dos 9,6 milhões de eleitores, menos da metade votaram, cerca de 4,7 milhões.

Estes dados podem demonstrar que para a maioria dos portugueses a Presidência da República é um cargo com poucos poderes, pouco relevante ou até mesmo decorativo. Arrisco-me em discordar nesta questão, pois acredito que todo sistema semipresidencialista atribui um destaque das competências do Presidente em relação à conjuntura política e social do país.

Diante disso, o Professor Marcelo deverá ser, acima de tudo, prudente no gerenciamento de seus poderes, dando importância sobretudo para as diversas dificuldades atuais da população portuguesa.

*Lucien de Campos é mestrando em Diplomacia e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa, Pós-Graduando em Crise e Ação Humanitária pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa e colaborador em Pragmatismo Político

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