IMPORTAÇÕES E PERDA DE COMÉRCIO COM EUA FAZEM SUPERÁVIT CAIR 41% EM UM ANO

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

Tarifaço mexe com balança comercial brasileira

A balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 3 bilhões em setembro, segundo mês em que vigorou a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros. O valor foi 41,1% inferior em relação a setembro do ano passado, quando o superávit chegou a US$ 5,1 bilhões, informou hoje o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). Os principais fatores por trás da queda foram uma forte alta nas importações e um avanço mais moderado das exportações, refletindo uma queda de 20,3% nas vendas para os EUA em relação ao ano anterior.

O que aconteceu

As exportações brasileiras somaram US$ 30,5 bilhões em setembro, contra US$ 28,5 bilhões em setembro do ano passado. O resultado 7,2% superior foi impulsionado pela agropecuária (alta de 18%) e indústria extrativista (14,4%). O aumento foi de 2,3% em comparação com agosto, quando o Brasil exportou US$ 29,8 bilhões.

Se trata do maior valor exportado para mês de setembro da série histórica (...) motivado pelo crescimento do volume exportado.Herlon Brandão, diretor de estatísticas e estudos de comércio

Já as importações atingiram US$ 27,5 bilhões no mês passado. A alta foi de 17,7% em comparação com setembro de 2024 (US$ 23,4 bilhões) e de 16% sobre o mês passado (US$ 23,7 bi). Destaque para bens de capital, que subiram 73,2% em valores, e bens de consumo (20,1%).

No acumulado do ano, o Brasil exportou US$ 257,8 bilhões. O crescimento foi de 1,1% em relação ao acumulado dos nove primeiros meses de 2024 (US$ 255 bilhões).

Já as importações somaram US$ 212,3 bilhões de janeiro a setembro. O valor significa crescimento de 8,2% em comparação com os US$ 196,3 bilhões importados no mesmo período do ano passado.

Assim, o saldo positivo da balança comercial nos nove primeiros meses do ano foi US$ 45,5 bilhões. O resultado foi 22,5% menor em relação ao mesmo período do ano passado.

Já o saldo corrente de comércio ficou de US$ 470,1 bilhões nos nove primeiros meses do ano, alta de 4,2%. Esse valor abrange também a balança de serviços, rendas e transferências unilaterais.

Caem exportações para os EUA

As exportações brasileiras para os EUA caíram 20,3% em setembro, para US$ 2,58 bilhões. No mesmo mês do ano passado, o Brasil havia exportado US$ 3,23 bilhões para o mercado americano. Em comparação com agosto de 2025, primeiro mês do tarifaço, a queda foi de 6,3% (US$ 2,7 bilhões).

Já as importações de produtos americanos subiram 14,3%, e chegaram a US$ 4,35 bilhões no mês passado. Há um ano, as importações dos americanos somaram R$ 3,80 bilhões. Em comparação com agosto último, as importaçõe subiram essas importações já havia subido 4,6%, para U

Outros mercados

Brasil também vendeu menos para Japão e para o continente africano. Enquanto as exportações recuaram 38,8% para o Japão (de US$ 623 milhões para US$ 381 milhões), o recuo foi de 15,7% para a África, de US$ 1,5 bilhão em setembro de 2024 para US$ 1,3 bilhão no mês passado.

Já as exportações para a América do Sul, América Central e Caribe foram as que mais cresceram. Em setembro, foram vendidos US$ US$ 4,2 bilhões para a América do Sul, contra US$ 3,2 bilhões em setembro do ano passado. Destaque para a Argentina, com aumento de 24,9%, para US$ 1,8 bilhão. Para a América Central e Caribe, o salto foi de 29%, de US$ 481 milhões há um ano para US$ 620 milhões no mês passado.

O grupo representado por China, Hong Kong e Macau foi o principal destino dos produtos brasileiros em setembro. Aumento de 37,6%, de US$ 8,6 bilhões para US$ 11,9 bilhões, o que significou uma participação de 43,5% das exportações nacionais no mês passado.

O tarifaço

Imagem: Brendan Smialowski/AFP
O presidente Donald Trump anuncia tarifaço em 2 de abril de 2025

O tarifaço de 50% vale desde 6 de agosto. Naquela data, os EUA passaram a cobrar mais 40% sobre as tarifas adicionais de 10% que já aplicavam desde abril sobre a importação de produtos brasileiros. Desde então, uma taxa de 50% passou a ser cobrada sobre produtos como café, carnes, pescados, açúcar, cacau e frutas tropicais, como manga e uva. Castanhas, suco de laranja e produtos de aviação civil entraram em uma lista de quase 700 produtos que se livraram da sobretaxa.

Hoje, Trump conversou por telefone com o presidente Lula (PT) para tratar do tarifaço. Segundo o Planalto, Lula solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras. Trump publicou em rede social que "gostou da conversa".

As razões para o tarifaço são políticas. Trump implementou a tarifa adicional de 40% sobre o Brasil "para lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA", escreveu o republicano em sua ordem executiva.

O documento cita o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Casa Branca classificou o processo contra o ex-presidente como uma "perseguição, intimidação, assédio e censura".

Moraes tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, atingir e intimidar milhares de seus oponentes políticos.Comunicado da Casa Branca

As decisões judiciais do Brasil contra big techs também foram mencionadas. O americano acusou o Brasil de tomar "medidas sem precedentes para coagir empresas americanas de forma tirânica e arbitrária" com objetivo de "censurar" discursos políticos, remover usuários e alterar políticas de moderação de conteúdo sob penas de "multas extraordinárias" e processos criminais.

GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

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