O PESO DA COBRANÇA DENTRO DO NAMORO


Todo relacionamento saudável exige diálogo, acordos e alinhamento de expectativas. No entanto, quando o equilíbrio entre liberdade e responsabilidade se rompe, uma cobrança excessiva pode transformar o namoro em um ambiente sufocante, gerando estresse emocional, desgaste afetivo e, em muitos casos, o fim precoce da relação. Mas afinal, por que cobramos tanto – e o que essa cobrança diz sobre nós e sobre o namoro?

Quando a cobrança vira rotina

É natural esperar atenção, carinho e comprometimento em um namoro. Mas quando essas expectativas se transformam em critérios constantes, o relacionamento pode começar a ruir. Frases como "Você nem me dá mais bom dia", "Por que curtiu a foto daquela pessoa?" ou "Precisa mesmo sair com seus amigos de novo?" começar a tomar o lugar do afeto e da leveza.

Esse tipo de comportamento muitas vezes nasce de inseguranças, medo de abandono, ciúmes ou falta de confiança – tanto no outro quanto em si mesmo. O problema é que, quanto mais se cobra, mais se desgasta o vínculo afetivo. O que era para ser conexão se torna cobrança. O que era companhia vira vigilância. E o namoro passa a parecer uma obrigação.

Cobrança não é cuidado

Muitas pessoas confundem cuidado com controle. Mas cuidar de alguém é respeitar sua individualidade, e não tentar moldá-la às suas próprias carências ou medos. Nos relacionamentos afetivos, cada parceiro traz sua bagagem emocional, sua história e seu ritmo. E tentar forçar o outro a atender todas as nossas expectativas, sem espaço para negociação ou compreensão, é uma forma de abuso emocional sutil, porém perigoso.

Cobranças constantes podem gerar ansiedade, sentimento de inadequação e até a sensação de nunca ser suficiente. O parceiro cobrado passa a agir por medo de desagradar, e não por vontade genuína. Isso mina a espontaneidade e as desvantagens do relacionamento.

O impacto emocional da cobrança

Tanto quem cobra quanto quem é cobrado sofre. O cobrador vive em constante insatisfação e frustração, sempre sentindo que falta algo. Já quem é cobrado vive dependente, com medo de errar, e muitas vezes começa a se calar ou a se afastar para evitar conflitos.

Com o tempo, a relação vai perdendo a leveza e se torna um campo minado emocional. As conversas deixam de ser sobre afeto e conexão e passam a girar em torno de justificativas e acusações. A relação que antes nutria ambos passa a ser fonte de dor.

Como sair do ciclo da cobrança

O primeiro passo é olhar para dentro. Antes de apontar o dedo para o outro, é importante refletir: o que está por trás da minha necessidade de cobrar? Medo, insegurança, carência? A terapia individual ou de casal pode ser uma grande aliada nesse processo de autoconhecimento e de construção de um relacionamento mais saudável.

Além disso, a comunicação clara e empática é fundamental. Ao invés de cobrar com o tom acusatório, é possível expressar sentimentos de forma honesta com splove : “Sinto falta quando a gente não se fala durante o dia” é bem diferente de “Você nunca me manda mensagem!”. A forma como se fala pode mudar completamente a ocorrência do outro.

Conclusão

O amor não sobrevive sob pressão constante. Cobranças excessivas não fortalecem um relacionamento, pelo contrário, o fragilizam. Um namoro saudável precisa de espaço, confiança, diálogo e respeito mútuo. Quando há cobrança demais, o amor não encontra lugar para crescer – e a relação, ao invés de ser abrigo, vira prisão. É preciso, então, transformar a cobrança em conversa, a expectativa em escuta e o medo em acolhimento. Só assim o amor pode florescer com leveza e verdade.

GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

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