O OBSCURO NEGÓCIO DO PAI DA JUÍZA HARDT QUE A LAVA JATO IGNOROU



Informações privilegiadas e pirataria com tecnologia da Petrobrás


Em um típico movimento de porta giratória, o engenheiro Jorge Hardt Filho, aposentado da Petrobrás e pai de Gabriela Hardt, a juíza substituta de Sergio Moro em diversas ocasiões da operação Lava Jato, pirateou a tecnologia denominada "Petrosix" e teve acesso a documentos sigilosos da Companhia quando atuava como consultor de empresas privadas, entre elas a Engevix, uma das investigadas e condenadas.

Segundo apuração do jornalista Leandro Demori [*], os acessos concedidos a Jorge Hardt, João Carlos Gobbo e João Carlos Winck – dois também ex-funcionários da Petrobrás que atuavam para a Engevix – tinha um propósito: um contrato de 18,2 milhões de dólares determinava que a Engevix levaria a tecnologia desenvolvida na Petrobrás para ser negociada no Marrocos, nos Estados Unidos e na Jordânia. No entanto, o projeto foi abandonado e, em 2012, a empresa Irati Energia, formada por ex-funcionários da Companhia e controlada pelo grupo Forbes & Manhattan, anunciava ser detentora de uma tecnologia "Petrosix melhorada".

Em novembro daquele 2012, a Petrobrás criou um grupo para investigar o caso. "As evidências apontadas permitiram identificar que as empresas IRATI ENERGIA, FORBES ENERGY e GOSH, todas vinculadas ao grupo FORBES & MANHATTAN, utilizaram-se de informações privilegiadas", concluiu a investigação.

Dois meses antes de deixar o poder Jair Bolsonaro não apenas ignorou a recomendação da própria Petrobrás de nunca mais fazer negócios com os canadenses, como vendeu a Petrobras Six justamente para eles, a mesma Forbes & Manhattan que tentou passar a perna na estatal durante anos. A Forbes pagou cerca de R$ 200 milhões pela fábrica, o equivalente a apenas um ano de lucro da SIX.

[*] Leandro Demori - jornalista e escritor brasileiro especializado em jornalismo investigativo com ênfase em sistemas mafiosos. Foi editor-executivo do site The Intercept Brasil, de 2017 a 2022.


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