CARCEREIRO DE LULA NA POLÍCIA FEDERAL DECLARA VOTO NO EX - PRESIDENTE

Antes sucateada e pouco ativa, Polícia Federal foi modernizada e ganhou autonomia na era Lula. Ao declarar seu voto para a Presidência, ex-chefe do Núcleo de Operações da PF revelou detalhes dos 580 dias em que Lula ficou preso

Lula e o carcereiro da PF (Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress)

O responsável pela carceragem da Polícia Federal em Curitiba, local onde o ex-presidente Lula ficou detido por 580 dias por determinação da Operação Lava Jato, declarou voto no petista. As informações são de Thiago Herdy, colunista do UOL.

Jorge Chastalo Filho, ex-chefe do Núcleo de Operações da Polícia Federal em Curitiba, disse ter convicção em seu voto ao petista. “Diante da tragédia que estamos vivendo, eu declaro voto com todo vigor do meu peito”, disse Chastalo, que hoje atua como adido da Polícia Federal em Lima, no Peru.

Segundo Chastalo, Lula nunca demonstrou sentir-se culpado pelo que foi revelado nas investigações da força-tarefa, sustentando que, na condição de presidente, deixava órgãos de controle “trabalharem livremente”, por considerá-los “aliados do governo”.

Lula considerava-se preso por conta de um “fato indeterminado”, segundo o agente. Dizia na cela que voltaria um dia a ser presidente do país.

Polícia Federal nos governos Lula

A Polícia Federal só adquiriu autonomia e foi modernizada a partir do governo Lula. Esses fatos foram admitidos até mesmo pelo ex-juiz Sergio Moro, adversário declarado do petista.

“Foi garantida a autonomia da Polícia Federal durante esses trabalhos de investigação nos períodos do governo Lula, e isso continuou com Dilma. É certo que o governo na época tinha inúmeros defeitos, mas foi fundamental a manutenção da autonomia da PF para que fosse possível realizar esse trabalho [Lava Jato]. Seja de bom grado ou seja pela pressão da sociedade, essa autonomia foi mantida”, disse Moro.

O ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima destacou, em 2016, que “boa parte da independência atual do Ministério Público, da capacidade administrativa, técnica e operacional da Polícia Federal decorre de uma não intervenção do poder político” durantes os governos Lula e Dilma. Santos Lima é quem sugeriu que o Ministério Público fosse “direto na jugular”, usando a morte de Dona Marisa no confronto público com Lula.

Os ex-procuradores gerais da República Cláudio Fonteles e Antônio Fernando Barros e Silva também declararam expressamente que nos governos Lula não houve interferência em investigações . Pelo contrário, houve aprimoramento. De acordo com Cláudio Lemos Fonteles, Lula respeitou a autonomia do Ministério Público da União ao nomeá-lo após a Associação Nacional dos Procuradores ter feito uma lista, em que ele foi colocado em primeiro lugar. “O presidente confirmou a vontade da classe”, pontuou. “Nunca, em nenhum momento, houve qualquer pedido direto ou indiretamente sobre as atividades que eram da minha atribuição nem de outros colegas do Ministério Público”, afirmou Antônio Fernando Barros e Silva de Souza.

A realidade é que a Polícia Federal ganhou mais recursos e autonomia com a chegada de Lula à Presidência, em 2003. O salto no volume de recursos investidos pelo governo federal em segurança pública passou de R$ 3,73 bilhões em 2002 para R$7,95 bilhões em 2014.

Também no combate à corrupção, o Brasil viveu um momento inédito. Pela primeira vez na história, o país teve instituições sólidas, com independência para agir em defesa do Estado e da sociedade, e ordens expressas para não engavetar investigações nem varrer escândalos para debaixo do tapete.

Jair Bolsonaro já trocou mais de 10 delegados da Polícia Federal que ousaram iniciar investigações contra seus filhos e/ou aliados do governo. Completamente aparelhada, a instituição hoje não investiga nada que possa prejudicar o atual presidente.

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