BOLSONARO DEFENDEU ROBERTO JEFFERSON APÓS ATAQUE CONTRA A POLÍCIA FEDERAL, MAS FOI ACONSELHADO A MUDAR DE POSTURA

Bolsonaro agradou sua militância ao se posicionar prontamente em defesa do amigo Roberto Jefferson, mas foi aconselhado a mudar o tom horas mais tarde. "Prevaleceu a orientação de que o presidente deveria falar para os 'não convertidos', sob pena de perder votos", diz um líder do centrão. Monitoramentos nos grupos de apoio a Bolsonaro no Telegram mostram que os internautas ficaram perdidos e não sabiam como agir

Bolsonaro sorri ao lado do amigo Roberto Jefferson


Poucos minutos após Roberto Jefferson disparar 20 tiros de fuzil e lançar duas granadas contra agentes da Polícia Federal neste domingo (23), o presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou em defesa do amigo.

Bolsonaro estava cumprindo um roteiro previamente ensaiado com seus aliados mais apaixonados como os deputados Nikolas Ferreira e Otoni de Paula. Este último, que também é pastor evangélico, gravou rapidamente um vídeo onde acabou vazando que Bolsonaro determinara o envio das Forças Armadas e do Ministro da Justiça para “proteger o patriota Roberto Jefferson”.

Acontece que, àquela altura dos acontecimentos, muita gente de dentro do governo começava a desconfiar que o plano não tinha sido executado conforme o combinado. Mas, afinal, o que deu errado?

O objetivo da ‘resistência’ de Jefferson era reforçar a narrativa de que o bolsonarismo está sendo ‘vítima de censura e de perseguições’. Foi essa pauta que supostamente fez Bolsonaro avançar um pouco nas últimas pesquisas de intenção de voto. Portanto, era interessante iniciar a última semana de campanha da eleição presidencial fortalecendo a tese ainda mais.

No entanto, Jefferson ultrapassou os limites do planejado quando abriu fogo e quase matou os agentes da PF. A partir daí, o governo passou a monitorar a reação da imprensa e da opinião pública e concluiu-se que o episódio repercutiu desfavoravelmente a Bolsonaro.

Passaram-se algumas horas do ocorrido e Bolsonaro decidiu mudar o tom. Primeiro, o presidente disse que mal conhecia Jefferson e que sequer tinha uma foto ao lado dele. As mentiras logo foram desmontadas: Bolsonaro e Jefferson são amigos há mais de 20 anos e há várias fotos e vídeos dos dois juntos. Jefferson empregou Eduardo Bolsonaro como seu funcionário fantasma com salário de R$ 10 mil quando o filho do atual presidente tinha apenas 18 anos.

Com as primeiras tentativas de se descolar de Jefferson mal sucedidas, Bolsonaro foi aconselhado a criticar o amigo de maneira mais firme. “Prevaleceu a orientação de que o presidente deveria falar para os ‘não convertidos’, sob pena de perder votos”, disse um deputado do centrão ao Pragmatismo.

“Já estava tudo armado: policiais amigos, a ida do Ministro da Justiça para negociar sua saída. O enredo foi por água abaixo quando Jefferson se precipitou, atingiu carros da PF, feriu policiais federais e chegou a jogar granadas nos veículos”, afirmou o jornalista Luis Nassif.

“Bolsonaro que, nas manifestações iniciais, condenara mais o TSE do que Jefferson, foi obrigado a editar suas mensagens, passando a tratar o aliado como inimigo. O Ministro da Justiça tentou se safar com o álibi de que sua ida para a casa do ex-deputado visava impedir derramamento de sangue. Como assim? Um Ministro com a agenda em aberto, antes mesmo de haver informações públicas sobre o gesto de Jefferson?”, observou Nassif.

Monitoramentos nos grupos de apoio a Jair Bolsonaro no telegram mostram que os internautas ficaram perdidos e não sabiam como agir. “É para elogiar Jefferson ou criticar? Não tô entendendo mais nada”, diz um. “Aplaude internamente e condena publicamente?”, questionou outro.

Confira um fio com o passo a passo dos acontecimentos de ontem:

2) Primeiro, Bolsonaro apenas repudiou o ataque de Roberto Jefferson…

MAS REPUDIOU AO MESMO TEMPO A SUA PRISÃO!

Isso mesmo, ele passou pano pros ataques, mentindo q Roberto Jeff teria inquéritos sem atuação do Ministério Público.

É mentira. O MP pediu a prisão. pic.twitter.com/YreSIXv7Rf

— Felipe Neto 🦉 (@felipeneto) October 23, 2022


4) Segundo Ottoni de Paula, um dos maiores aliados de Jair Bolsonaro…

O Presidente decidiu enviar as forças armadas para PROTEGEREM ROBERTO JEFFERSON!

Isso foi celebrado pelo núcleo de apoio bolsonarista, visto como uma “medida de resistência”.

E aí Bolsonaro traiu td mundo. pic.twitter.com/18Y2mU03kY

— Felipe Neto 🦉 (@felipeneto) October 23, 2022


6) Os influenciadores bolsonaristas, visivelmente contrariados, aplaudiram de forma modesta e falaram “assunto encerrado”.

Mas a verdade é essa: Bolsonaro não é fiel a ninguém, apenas à própria sede de poder.

Ele trai e abandona quem for preciso.

E vc será o próximo.

— Felipe Neto 🦉 (@felipeneto) October 23, 2022


Bolsonaro armou Roberto Jeff.

Bolsonaro apoiou Roberto Jeff.

Bolsonaro incitou o ódio contra a justiça.

Bolsonaro motivou a violência.

Agora, Bolsonaro sai desesperado gritando “não tenho nada a ver com isso”.

Isso é o bolsonarismo. pic.twitter.com/Q1SyjejSVn

— Felipe Neto 🦉 (@felipeneto) October 23, 2022

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