EUA SUSPENDEM USO DA CLOROQUINA, MAS TRUMP CONTINUARÁ ENVIANDO REMÉDIO AO BRASIL

Estados Unidos revogam uso da hidroxicloroquina no país após novos testes indicarem ineficácia do medicamento. Apesar do veto interno, Donald Trump diz que continuará exportando o remédio para o Brasil



Imagem: Reuters

Jair Bolsonaro não esconde sua admiração pelos Estados Unidos e sua devoção por Donald Trump. Desde que assumiu o Planalto, manteve-se fiel ao relacionamento mesmo nas escapadas do parceiro americano – na primeira patinada na OCDE, no fechamento de fronteira a passageiros saídos do Brasil e, recentemente, na crítica ao trabalho do Planalto na pandemia.

Para ficar próximo do ídolo nessa guerra ao coronavírus, Bolsonaro copiou a campanha de Trump pela cloroquina. Trouxe a ideia ao Brasil, colocou militares do Exército para torrar uma montanha de dinheiro na produção do medicamento milagroso e não sossegou enquanto não obrigou o Ministério da Saúde a adotar um protocolo orientando médicos de todo país a receitarem o medicamento para pacientes com a doença.

Esse protocolo do ministério, baixado, não por um médico, mas pelo general Eduardo Pazuello, vai completar nesta semana um mês em vigor. Nesta segunda-feira, contra todas as evidências da comunidade científica internacional que colocaram a cloroquina em descrédito, o governo decidiu dobrar a aposta e anunciou que o uso precoce da droga será estendido até para crianças e grávidas.

Devoto dos americanos, Bolsonaro poderia ouvir a mensagem que vem da terra de Trump. Nesta segunda, a poderosa FDA, agência que atua como a Anvisa nos Estados Unidos, revogou a permissão de emergência para o tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina contra coronavírus no país.

Motivo? Os americanos explicaram que “não é razoável acreditar que os fatores conhecidos e os potenciais benefícios desses produtos superem seus riscos conhecidos e potenciais. Por isso, a FDA revoga o uso emergencial de hidroxicloroquina e cloroquina nos EUA para tratar Covid-19”.

É um filme antigo, visto aqui na gestão de Luiz Henrique Mandetta e de Nelson Teich, que tentaram barrar a adesão apaixonada ao medicamento.

Trump se pronuncia

O presidente dos Estados Unidos afirmou que continuará enviando hidroxicloroquina ao Brasil mesmo após a principal autoridade de vigilância sanitária norte-americana revogar a autorização para o uso do medicamento.

No fim de maio, os EUA anunciaram o envio de 2 milhões de doses de hidroxicloroquina ao Brasil — mesmo contra a recomendação de entidades médicas como a Organização Mundial de Saúde (OMS), que alertam que não há comprovação sobre a eficácia do medicamento para o novo coronavírus.

Perguntado por uma repórter na Casa Branca se os EUA continuariam a enviar o remédio ao Brasil e outros países, Trump respondeu que “sim, eles pediram, nós vamos enviar”.

Apesar da revogação do uso da cloroquina, Trump deu sua opinião pessoal sobre o medicamento: “Não posso reclamar [do remédio], eu tomei por duas semanas e me senti bem tomando. Não sei isso teve efeito, mas muita gente me diz que a cloroquina pode salvar vidas”.

com informações de Mariana Muniz, via Radar

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