FRATERNIDADE, POLÍTICAS PÚBLICAS E CIDADANIA

Com o tema Fraternidade e Políticas Públicas e lema Serás libertado pelo direito e justiça, a Campanha da Fraternidade 2019 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB acorda todos os cidadãos brasileiros, sem exceção, para a situação atual e a necessidade de mudança de rumos, ações e direções efetivas, programas e projetos eficazes, leis para consertar o que está errado, quebrado e demolido. É consenso nacional que fraternidade, ética, cidadania, escala de valores, espiritualidade estão enfermas. Predominam padrões políticos superados. 

Ninguém espere a curto espaço de tempo melhorias por conta das denúncias dos meios de comunicação, muito menos dos inflamados discursos nos palcos e púlpitos, nas áreas da saúde, educação, habitação, segurança, trabalho e renda, mobilidade, seguridade, alimentação, saneamento, previdência social. Má gestão de recursos materiais e financeiros, infraestrutura e instalações precárias, saneamento básico, qualificação profissional, governantes e gestores públicos, educação, políticas e políticos são pessoas, sistemas e processos responsáveis pela sofrível realidade vivenciada pela sociedade nos quadrantes do país há mais de cinco séculos. 

Ao fazer analogia, só é possível endireitar galhos de árvore se a medida for tomada preventivamente. Tentar endireitá-los quando adultos é inútil; eles quebram e secam. A nosso ver, a gênese da maioria dos problemas referidos anteriormente são as famílias mal constituídas e desestruturadas, a escola que não educa de forma holística, a linguagem viciada e contaminada de quem detém o poder e os meios de comunicação que não evoluíram.

A riqueza número um da Pátria é o cidadão educado que valoriza a vida, a moral, o estudo, o trabalho, a fraternidade e a espiritualidade. Acima de tudo, cidadania é luta apaixonada contra desigualdades e privilégios, enfermidades e mortes evitáveis, males e maldades, desonestidade, corrupção, mentira, enganação, tragédias, desastres. 

Desordem social e familiar, descumprimento dos deveres, injustiças e agressões contra a natureza não perdoam; cedo ou tarde cobram preço alto. Por conta disso, é fundamental saber defender-se das coisas e situações que comprometem segurança, estima e relacionamentos harmônicos e pacificadores. Droga, bebida em excesso, estresse, obesidade, ódio, raiva e sedentarismo são fatores de risco pessoais, sociais, familiares e comunitários.

Há 56 anos, a CNBB celebra a Campanha da Fraternidade. Há 519 anos, a família brasileira sofre falta de planejamento. Em 2019, crianças e jovens desperdiçam um terço do tempo com inutilidades. Isso é catástrofe nacional, pública e particular.


É missão das autoridades e lideranças, da Igreja e das escolas reorganizarem e prepararem a nova família e construir a verdadeira fraternidade, melhorar a cidadania e a qualidade de vida das futuras gerações. Integração, cooperação e voluntariado fazem a diferença. São fontes gratuitas, disponíveis e abundantes de energia, por meio das quais crescem e se realizam os seres humanos, pobres e ricos, cultos e iletrados.

A par da cura familiar, as políticas públicas melhoram significativamente, se crianças, jovens, adultos e idosos forem mais responsáveis e realizarem exames preventivos, tomarem vacinas oferecidas, praticarem exercícios físicos regularmente, controlarem a gula e a bebida. Drogas lícitas e ilícitas, desestruturação familiar e desamor à vida congestionam consultórios, leitos e UTIs. Está na hora de começar a mudar também esse cenário que lesa a todos, indistintamente se bons ou maus. 
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Pedro Antônio Bernardi é Jornalista, economista e professor.pedro.professor@gmail.com

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