FÓSSEIS DO PERÍODO PALEOGENO SÃO ENCONTRADOS EM CURITIBA

Foram encontrados fósseis de aves, anfíbios, marsupiais, entre outros
No período Paleogeno, a América do Sul estava isolada, o que permitiu a formação de uma fauna peculiar (Foto: Renata Cunha e Fernando Sedor/UFPR)

Pesquisadores descobriram diferentes fósseis de animais que viveram entre 42 milhões e 39 milhões de anos atrás próximos a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. A descoberta foi feita por professores e pesquisadores de diferentes instituições e publicada na revista Journal of Mammalian Evolution.

A área, localizada na Formação Guabirotuba, foi tombada no final de março pela Prefeitura de Curitiba e será transformada em um parque na cidade, com previsão de inauguração no segundo semestre de 2019. A ideia é que as pessoas possam ver o trabalho dos pesquisadores ao vivo e simulem as atividades de paleontólogos. Anteriormente, o local era alvo de tentativas de ocupação irregular.

O local já era usado para aulas de geologia há mais de 20 anos, mas o primeiro fóssil só foi encontrado em 2010 – um dente de crocodilomorfo, que é parente dos jacarés e crocodilos da atualidade. Por isso, os pesquisadores passaram a se dedicar mais ao local, que passou a ser reconhecida como uma importante área de estudo. O trabalho segue em andamento e novas descobertas podem surgir futuramente.

Segundo Fernando A. Sedor, da UFPR, o estudo é importante porque é a primeira vez que fósseis do período Paleogeno são descobertos na região sul do Brasil. Anteriormente, os restos dos animais mamíferos da mesma era só tinham sido encontrados em Itaboraí, no Rio de Janeiro, e em Taubaté, em São Paulo.

A descoberta também é importante para o maior conhecimento do período Paleogeno brasileiro. Entre os fósseis, foram descobertos marsupiais – parentes de gambás e cangurus, por exemplo – de três gêneros sparassodontes – que já foram extintos. Os sparassodontes eram predadores carnívoros, com grandes dentes caninos, que chegavam a ter o tamanho de uma onça.

Além disso, também foram encontrados fósseis de “aves do terror”, como são conhecidas as aves Phorusrhacidae, que provavelmente são as mais antigas já registradas na América do Sul. Eram pássaros com bico longo, carnívoros, que não voavam e tinham uma cabeça grande. Elas chegavam a medir dois metros de altura e estão extintas há milhões de anos.

Também foram descobertos fósseis de peixes, anfíbios, tartarugas e parentes dos crocodilomorfos, que chegavam a medir três metros de comprimento. Ademais, foram encontrados restos de animais desconhecidos, como do Proeocoleophorus carlinii, uma espécie extinta de tatu primitivo.

As pesquisas foram lideradas pelos pesquisadores Fernando Sedor e Eliseu Vieira Dias, da Universidade do Centro Oeste do Paraná (Unioeste). Além deles, também participaram do estudo Luiz Fernandes e Renata Cunha, do Departamento de Geologia da UFRP; Edison Oliveira, do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); David Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); e Ana Ribeiro, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZRS).

O período Paleogeno sucedeu o período Cretáceo e precedeu o período Neogeno. Na época, a América do Sul se transformou em uma espécie de “continente-ilha” depois de ter se separado da África e da Antártida. Isso permitiu a formação de uma fauna peculiar e a sua evolução. A presença tartarugas aquáticas indica que a condição climática de Curitiba era mais úmida do que se acreditava anteriormente.

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