A INFORMAÇÃO RELEVANTE OCULTADA PELO CHORO GEDDEL

Vazamento imediato do vídeo em que Geddel Vieira Lima chora diante de um juiz da Lava Jato pode ter servido para ocultar uma informação importante que consta no mesmo material

Geddel Vieira Lima (reprodução)

Jornal GGN

Foi apenas para expôr Geddel Vieira Lima à humilhação ou o vazamento do vídeo da audiência de custódia teve outro propósito?

Preso por obstrução de Justiça, Geddel chorou diante de um juiz da Lava Jato tão logo percebeu que pode ter tomado um xeque-mate.

Participam da audiência, na quinta (6), o magistrado Vallisney Oliveira de Souza, a defesa de Geddel e representante do Ministério Público Federal. No mesmo dia, o vídeo foi vazado à imprensa.

O destaque, em muitos portais, foi o choro de Geddel quando Vallisney indeferiu o pedido da defesa para que ele fosse transferido para a prisão domiciliar, com tornozeleira, entrega de passaporte e qualquer outra medida que fosse necessária.

Mas o vídeo contém outra informação importante para a Lava Jato.

Em até 3 dias, a esposa de Lúcio Funaro, a empresária Raquel Pitta, terá de ser ouvida pela Polícia Federal para confirmar ou negar o depoimento que levou Geddel à prisão.

Após a bomba da delação da JBS cair no colo de Michel Temer, Funaro decidiu acelerar o acordo de cooperação com a Lava Jato e disse aos investigadores que Geddel mantinha conversas “estranhas” com sua esposa, pelo celular.

Na audiência de custódia, Geddel admitiu que, no último ano, conversou com Raquel por mais de 10 vezes, em ligações rápidas e quase sempre de iniciativa dela, sobre “amenidades“. Ele negou que tenha procurado saber de Funaro ou se a família precisava de dinheiro.

Por volta dos 58 minutos do vídeo, Vallisney diz:

“O argumento realmente mais forte que levou a decretar a prisão é justamente essa questão dos telefonemas. E esses telefonemas são existentes, embora nao haja certeza do que houve na conversa, se houve influência [de Geddel sobre Raquel, para que ela pressionasse Funaro a ficar de bico fechado]. Ocorre que o quadro parece grave porque temos um preso há mais de um ano [Funaro] e sua esposa recebe telefonema de um investigado de outra investigação [Geddel]. Isso pode prejudicar não só o resultado do processo, mas a própria esposa do investigado, em relação ao estado de ânimo dela.”

Por “estado de ânimo“, o juiz quis dizer que interessa saber se Raquel sentiu “medo” ou qualquer tipo de constrangimento ou coerção nos contatos com Geddel.

O MPF vai mais longe: acha que importa saber como Funaro reagiu ao saber que a esposa era sondada por Geddel, independente do conteúdo das conversas.

“Eu vou determinar que a autoridade policial ouça a esposa de Funaro com urgência, para ver o estado de ânimo dela, para que se esclareça o que foi dito. Sem isso, não é possivel decretar as medidas cautelares alternativas. Isso [interrogatório] e a pericia no celular” devem ser feitos no prazo de 3 dias, definiu o juiz.

Em outras palavras, a revogação da prisão preventiva de Geddel depende da mulher de Funaro.

A decisão de Vallisney desagradou gregos e troianos, em níveis distintos.

“A essa altura, ouvir essa senhora, Excelência, é obvio que se espera que ela diga que foi intimidada. Ela não fez a notícia de fato, não procurou a Polícia, não procurou o Ministério Público [à época dos fatos]. Mas é obvio que ela vai querer validar a versão do marido“, disparou a defesa de Geddel.

O Ministério Público também demonstrou-se contrariado, pois queria que o prazo fosse maior, de pelo menos 10 dias. Argumentou que não sabe onde está Raquel.

Diante de prazo exíguo, o vazamento do vídeo – de origem desconhecida – pode ser uma maneira de colocar a empresária em contato com tudo o que a defesa de Geddel contesta no depoimento de Funaro, base da preventiva, e fazê-la entender mais rápido o que está em jogo.

Caberá a ela validar o que disse o ex-operador do PMDB – e, assim, ajudá-lo a fechar a delação e manter Geddel preso – ou jogar vinagre nas acusações da Lava Jato.

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