SAÚDE É UMA DAS ÁREAS MAIS ATINGIDAS PELO ROMBO DEIXADO PELA GESTÃO FRUET

A saúde é uma das áreas mais atingidas pelo rombo nas contas públicas deixado pela gestão anterior na Prefeitura de Curitiba. Foi o que demonstrou o secretário municipal da Saúde, João Carlos Baracho, em audiência de prestação de contas na Câmara Municipal. -Na imagem, a U.S Nossa Sra. da Luz em péssimas condições. Curitiba, 20/02/2017 Foto:Divulgação

A saúde é uma das áreas mais atingidas pelo rombo nas contas públicas deixado pela gestão anterior na Prefeitura de Curitiba. Foi o que demonstrou o secretário municipal da Saúde, João Carlos Baracho, em audiência de prestação de contas na Câmara Municipal de Curitiba nesta terça-feira (21).

Baracho apresentou os dados do último quadrimestre do ano anterior, referente à gestão passada. A gestão do ex-prefeito Gustavo Fruet deixou um débito de R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 614 milhões sem nenhum empenho. Só na área da saúde foram R$ 233 milhões de déficit.

O reflexo da má gestão do dinheiro público é sentido no dia a dia pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em Curitiba. Falta de medicamentos, insumos básicos como seringa e gaze, demora para marcação de exames e consultas, unidades de saúde em péssimo estado de conservação, prestadores de serviço sem pagamento e sistema de urgência e emergência desregulado são alguns dos exemplos do caos encontrado na saúde pública em Curitiba nos primeiros dias da nova gestão.

“Encontramos uma situação de terra arrasada”, diz Baracho. “No primeiro mês de gestão nos voltamos ao diagnóstico da situação, que é mais grave do que imaginávamos, e a medidas de caráter emergencial para não deixar a população ficar sem medicamento ou sem atendimento por falta de pagamento aos prestadores de serviço”, explica.

Secretário municipal da Saúde, João Carlos Baracho, durante prestação de contas da Secretaria na Câmara Municipal. Curitiba, 21/02/2017. Foto: Pedro Ribas/SMCS
De acordo com o secretário, houve na gestão anterior uma priorização da assistência à saúde por meio de consultas, em detrimento de ações preventivas e de promoção à saúde. Segundo ele, foram detectados problemas com protocolos de atendimentos e ausência de uma política municipal de regulação de urgência, com aumento no número de pessoas que procuram as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em vez dos postos de saúde, trazendo sobrecarga.

“Em média todos os dias seis pessoas ficam aguardando leito de UTI em UPA. Em meses críticos, essa média diária chega a 20. Nós precisamos regular o sistema para que o usuário receba atendimento no local correto, da forma correta e no tempo correto. UPA é para estabilização de quadro clínico, não é mini-hospital”, explica Baracho.

Nos postos de saúde foram detectados, ainda, problemas estruturais, infiltrações, pisos destruídos, forros quebrados, vidros substituídos por placas de compensado, mobiliários quebrados e enferrujados, infestação por baratas e mato tomando conta de áreas externas.

Além disso, os postos de saúde estavam desabastecidos de medicamentos e insumos básicos. Dos 116 medicamentos de distribuição ao usuário da Farmácia Curitibana, 39 medicamentos estavam em falta. Parte deles não havia sequer qualquer empenho para a compra.

Medidas

A nova gestão conseguiu um repasse do governo estadual para fazer uma compra emergencial de medicamentos e insumos. Foram R$ 4 milhões, sendo R$ 1,8 milhão para medicamentos e R$ 2,2 milhões para insumos básicos. Todos os medicamentos faltantes foram comprados e empenhados e estão chegando aos poucos para normalizar o atendimento e agendamento de exames. 

Neste primeiro mês também foi feito um repasse R$ 80 milhões aos hospitais e prestadores de serviço do SUS, evitando a paralisação de atendimento. O atraso a pagamento dos serviços prestados chegou a superar 60 dias na gestão anterior, levando hospitais a entrarem na Justiça.

Além disso, no primeiro mês de gestão foram negociadas seis novas ambulâncias (cinco do governo federal e um do governo estadual), foram retomadas as obras da unidade de saúde Jardim Aliança e feito o reforço do combate ao mosquito Aedes aegypti, com a ação continuida Curitiba Sem Mosquito, que resultou no recolhimento de 500 toneladas de lixo nos bairros CIC, Tarumã, Bairro Alto, Cajuru e Parolin. “Apenas três das 27 capitais não fazem o Levantamento do Índice Rápido do Aedes: Curitiba, Porto Velho e Maceió. Esse levantamento é uma exigência do Ministério da Saúde e a falta dele impossibilita uma análise de infestação na cidade”, afirma Baracho.

Mapa estratégico

Mesmo com uma situação caótica na saúde e lançando mão de medidas emergenciais para não deixar a população desassistida, a nova gestão da Secretaria Municipal da Saúde se debruçou na elaboração de um Mapa Estratégico de atuação, prevendo ações que serão tomadas durante toda a gestão. “Saúde é prioridade para esta gestão e nós queremos que Curitiba volte a ser reconhecida por sua excelência, sendo referência nacional e internacional na área de saúde”, diz Baracho.

Hoje, a Prefeitura de Curitiba lançou o Saúde Já, que prevê ação continuada de mutirões para diminuir fila de exames, consultas e cirurgias de especialidades. Nas diretrizes para os próximos meses, está o lançamento de um aplicativo para agendamento de atendimento, regularização dos estoques de medicamentos e insumos, criação de 50 novos leitos e reabertura de outros 200 de retaguarda, reorganização dos 110 postos de saúde e 9 unidades 24 horas, reestruturação da rede de urgência, implantação do Rede Mãe Curitibana – Vale a Vida, entre outros (veja mais detalhes no box).



2017 - DIRETRIZES PARA OS PRÓXIMOS MESES

TECNOLOGIA

• Agendamento de atendimento online por meio de aplicativo 

A gestão do prefeito Rafael Greca vai oferecer à população serviços online para agendamento de atendimentos e consultas nas unidades de saúde, por meio de um aplicativo de celular. A novidade vai trazer mais agilidade para o serviço e conforto para o usuário.



REDUÇÃO DE FILAS 

• Saúde Já - Mutirão para consultas, exames e cirurgias

A nova gestão vai realizar mutirão de consultas, exames e cirurgias para começar a reduzir as filas existentes a partir do dia 9 de março.



MEDICAMENTOS E INSUMOS

• Regularização dos estoques de medicamentos e insumos básicos

Depois de uma compra emergencial para não deixar tudo parar, o secretário João Carlos Baracho está trabalhando com sua equipe para garantir de forma permanente os estoques de insumos e medicamentos na rede municipal de saúde.



UTI

• Criação de 50 novos leitos e reabertura de outros 200 leitos de retaguarda

Negociação com o Ministério da Saúde a ampliação de recursos financeiros e solicitação de recursos adicionais para a ampliação dos leitos de UTI e leitos de retaguarda.



REESTRUTURAÇÃO

• Reorganização das unidades de saúde 

Reorganização de todas as unidades de saúde e das unidades 24 horas, garantindo a oferta de insumos e medicamentos adequados para a população. A unidade de saúde voltará a ser referência na atividade de acompanhamento para a população. Cada unidade será responsável por um território específico, analisando risco da região, acompanhando pacientes crônicos, gerenciando trabalho dos agentes de saúde. Dessa forma, a maior parte dos problemas poderá ser solucionada ainda na rede de atenção básica de saúde. Além disso, será feita a adequação da estrutura física das unidades de saúde de Curitiba. 



EMERGÊNCIA

• Reestruturação da rede 

Promoção das ações necessárias para a reestruturação da Rede de Atenção às Urgências e Emergências. As UPAs serão transformadas em Unidades de Saúde 24 horas. Os pacientes graves não irão mais para lá e sim para os hospitais, assim a rede poderá trabalhar em regime de suficiência garantindo o atendimento adequado no tempo certo, no lugar certo e na hora certa. Cada situação terá a opção de assistência correta, com o diagnóstico e melhor terapêutica para solucionar o problema. Também será feita a revisão dos contratos com os hospitais garantindo as condições de atendimento adequado e a integração com as unidades 24 horas.



MÃE CURITIBANA

• Rede Mãe Curitibana – Vale a Vida

Elaborar cronograma e promover ações fundamentais para a implantação da Rede Mãe Curitiba – Vale a Vida. Reestruturar o Programa Mãe Curitibana, reestabelecendo a vinculação do parto. Toda gestante saberá desde o início da gravidez onde ganhará seu bebê e ainda terá a garantia de atendimento especializado na Unidade Mãe Curitibana com obstetras e pediatras atendendo crianças e gestantes de risco. 



SAÚDE MENTAL

• Política de saúde mental 

Elaboração da proposta da Política de Saúde Mental para Curitiba e do projeto de implantação do Centro de Estabilização para pacientes com Transtornos Mentais e Usuários de Drogas.



ESPECIALIDADES

• Projeto do Centro de Especialidades 

Elaborar pré-projeto para a implantação do Centro de Especialidades Metropolitano, no Portão, que será referência para os usuários que necessitem de consultas especializadas com cardiologistas, endocrinologista, geriatras e equipe multidisciplinar (psicólogos, farmacêuticos, enfermeiros, fisioterapeutas, educador físico, nutricionistas. 

INTEGRAÇÃO

• Redes regionais de atenção à saúde 

Articular com a Secretaria de Estado de Saúde e com os municípios da região metropolitana a integração regional das redes de atenção à saúde.

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