REDE GLOBO CORTA URBANISTA QUE FALOU ' FORA TEMER' EM REPORTAGEM

Urbanista que era normalmente entrevistado na Globo foi cortado após pregar apoio às ocupações escolares, citar a palavra “golpe” e dizer “Fora Temer”

Ancoras do “SPTV – Presidente Prudente”


por Altamiro Borges

Nas marchas pelo impeachment de Dilma, a TV Globo chegou a alterar a sua grade de programação e até a mudar os horários de transmissão dos jogos de futebol.

Os serviçais da emissora, como Fausto Silva e Ana Maria Braga, foram acionados para endeusar os protestos “pacíficos, familiares e democráticos”.

O Jornal Nacional virou palanque dos grupos que organizaram as marchas – sabe-se lá a que preço. Na prática, o império da família Marinho foi um dos principais responsáveis pela mobilização de tantos “manifestantes” no Brasil.

Concretizado o “golpe dos corruptos”, porém, a TV Globo voltou a invisibilizar as manifestações de rua que agitam o país.

A marcha de milhares de trabalhadores que participaram do “dia nacional de protesto” contra a PEC da Morte e as reformas trabalhista e previdenciária foi ignorada.

Ocorreram greves, atos e passeatas em vários Estados. A TV Globo, porém, não deu qualquer realce às manifestações. Elas não existiram na telinha da emissora.

Também as ocupações de quase 2 mil escolas públicas – incluindo mais de 300 universidades – foram ofuscadas. Por razões políticas e comerciais – para não dizer mercenárias –, a Rede Globo faz de tudo para não incomodar Michel Temer.

A blindagem chega ao ridículo, como relatou o jornalista Ricardo Feltrin em texto publicado no UOL no último mês. Leia abaixo:

Depois de ser surpreendida pelo protesto ao vivo na última quarta-feira, a direção da Globo em Presidente Prudente reeditou e cortou um entrevistado de uma matéria. Na reportagem, um urbanista que estava sendo ouvido pela reportagem disse “Fora Temer”, citou “golpe” e ainda pregou apoio às escolas ocupadas por estudantes.

O incidente aconteceu ao vivo, logo no primeiro bloco no “SP TV Presidente Prudente” (cidade a 558 km de SP).

Era uma reportagem que tratava de valetas profundas nas ruas da cidade, e que estão causando queixas de motoristas. O repórter David de Tarso foi ouvir a opinião do urbanista Rogério Quintanilha, que aproveitou o ensejo para fazer o protesto.:

“Qual o modelo ideal de valetas? Boa tarde…”, perguntou polidamente o jornalista.

“Boa tarde. Primeiramente, fora Temer! As valetas devem ser macias. Pois, fundas, fazem o carro sofrer duro GOLPE” (ênfase do entrevistado).

“E qual o modelo ideal?”, tentou administrar o repórter da Globo.

“Um modelo em que os carros possam passar. Do jeito que está elas impedem a entrada de alunos nas escolas ocupadas, as quais apoiamos”, continuou o arquiteto.

Constrangido, o repórter devolveu o link ao estúdio. Os dois âncoras, Carla Moreno e Murilo Zara, também pareciam surpresos.

Na versão que está no ar na internet, e que pode ser acessada pelo portal de notícias do Grupo Globo, Quintanilha foi limado da edição.

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