O “todo poder ao Moro” instituiu a anarquia judiciária no Brasil


É que nossa imprensa e os nossos conservadores são muito, perdão da palavra, avacalhados.

Não há um país no mundo onde pudesse estar havendo um combate aberto entre um ministro do Supremo Tribunal Federal e uma associação que representa a corporação de juízes.

Você consegue imaginar, nos EUA, uma liga de juízes de condado e -mais ainda – uma Liga de Juízes de Condado que entre em guerra com um juiz da Suprema Corte?

Evidente que não.

Como chegamos a este ponto?

Coices de Gilmar Mendes nunca foram propriamente uma novidade.

Mas eram uma estupidez isolada, geralmente minoritária no Supremo.

Desde que a Lava Jato se tornou o cavalo de batalha da mídia contra o PT, com o endeusamento de Moro e seus rapazes do MP, a corporação judicial sentiu a oportunidade de abocanhar poder.

As associações de juízes passaram a fazer uma militância política, para além de meros interesses corporativos.

E como era uma militância anti-esquerda e anti-PT, todos a aceitaram.

Apoiar Moro, fortalecer Moro, endeusar Moro era apoiarem, fortalecerem e endeusarem a si mesmos, como indivíduos e corporação.

Concederem-se, portanto, mais poder, bem como assim foi com o Ministério Público.

Enquanto se batiam contra pessoas que tinham a moderação que a liturgia dos cargos obriga – e que levavam esta moderação, cada vez mais, para o tereno do avassalamento, o que não se confunde com o respeito democrático à Justiça – nada aconteceu.

Agora, bateram no espinhoso Mendes.

E a troca de ofensas chegou ao inimaginável.

Ele diz que os imorais auxílios rebebidos pelos juízes e promotores são “seu pequenos assaltos” ( no meu dicionário, que assalta é assaltante) e que suas remunerações se compõem de “gambiarras institucionais”.

Os juízes rebatem, dizendo com todas as letras o que pensam das atividades de Mendes 

com sua “faculdade” de Direito, o Instituto de Direito Público (Público, privado, convém frisar) dizendo que sua ideia de Magistratura é de juiz “que não exerce atividades empresariais, que respeita as instituições e, principalmente, que recebe somente remuneração oriunda do Estado”.

Sérgio Moro, que é o comandante simbólico da sublevação da magistratura não vai entrar diretamente nesta briga. Vai reagir nos autos, onde faz e desfaz com pouca reação dos tribunais superiores que já passaram da intimidação para a adesão, à medida em que se perderam os pruridos das garantias do cidadão.

Os gaúchos, no interior, têm um ditado: cachorro que comeu ovelha, só matando.

Sem morticínios, como é do civilizado, não é imaginável onde esta “briga de rua” vai parar.

Escrito por Fernando Brito - Tijolaço 


Postar um comentário

0 Comentários