O HÁBITO DA LEITURA


Pesquisa encomendada pelo Instituto Pró-Livro, divulgada semana passada, mostrou que apenas 56% dos brasileiros possuem o hábito de ler e que temos um índice de leitura de apenas 4,96 livros por ano. O levantamento também apontou que 74% dos entrevistados não comprou um livro nos últimos três meses e 30% jamais comprou um livro em sua vida. São números que comprovam uma triste realidade do país: não temos o hábito da leitura.

A título de comparação, pesquisa realizada pela NOP World Culture para medir hábitos de mídia em 2015 apontou que o Brasil está na 27º posição entre 30 países no ranking de leitura, com apenas 5 horas e 13 minutos dedicados a essa atividade por semana. Por outro lado, gastamos mais de 18 horas semanais na frente da televisão e 17 horas ouvindo rádio.

O baixo interesse na literatura reflete diretamente na participação ativa da população no desenvolvimento de debates de assuntos de maior complexidade. A leitura amplia nossas habilidades cognitivas, conhecimento de fatos e épocas, estimula a imaginação e permite um entendimento maior de nossa realidade. Sem isso, temos dificuldades em conseguir analisar as coisas por outro ponto de vista e argumentar e compreender diferentes linhas de pensamentos para formar nosso próprio ponto de vista.

Atualmente o Brasil não possui políticas contínuas de incentivo a leitura. O primeiro passo seria a institucionalização do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), que se arrasta há anos, que permitirá estabelecer metas, políticas e programas permanentes de fomento a leitura. Somado a isso, a criação de projetos funcionais que desoneram o custo unitário dos livros e incentivos para as pequenas editoras contribuiria para aumentar a acessibilidade, expandir o mercado e a produção literária de novos autores.

Outro fator importante para as políticas públicas de incentivo a leitura é a atuação mais efetiva dos ministérios nas ações e programas promovidos por estados e municípios, com maior suporte e divulgação, bem como a atração da sociedade civil para participar ativamente da construção e manutenção dessas políticas.
A leitura é essencial na construção da cidadania e desenvolvimento do país. Com ela, disseminamos o conhecimento e a informação, permitindo aos brasileiros se aperfeiçoar profissionalmente, elevar o debate das mais variadas questões e condições para que tenham uma análise crítica da sociedade. A implantação de políticas permanentes de incentivo a leitura é o primeiro passo para que possamos vislumbrar uma necessária e positiva mudança de hábitos de leitura em nosso país.

Marcello Richa

Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR)

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